Páginas

DONS ESPIRITUAIS

Dons de Deus que habilitam o cristão a realizar o seu serviço (às vezes especializado). Há várias palavras no NT usadas em referência aos dons espirituais. Dõrea e doma são usadas, mas são raras (Ef 4.8; At 11.17). Pneumatikos e charisma são freqüentemente encontradas, sendo que charisma é a palavra mais comum.
O termo charisma ("dom espiritual"), é usado somente por Paulo, excetuando-se 1Pe 4.10. Charisma significa a redenção ou a salvação como o dom da graça de Deus (Rm 5.15; 6.23) e um dom que capacita o cristão a executar o seu serviço na igreja (1 Co 7.7), além de definir um dom especial que habilita o cristão a realizar um ministério específico na igreja (e.g., 12.28ss.).
Paulo oferece instrução sobre os dons espirituais, em Rm 12.6-8; 1 Co 12.4-11, 28-30; Ef 4.7-12. Os dons espirituais eram manifestações incomuns da graça (charis) de Deus, nas formas normais e anormais. Nem todo dom espiritual afetava a vida moral daquele que o exercia, mas seu propósito sempre era a edificação dos crentes. O exercício de um dom espiritual subentendia serviço na igreja. No NT, nunca se perde esta abordagem prática, sendo que os dons espirituais são freqüentemente divididos em miraculosos e não-miraculosos; mas visto que alguns são sinônimos de deveres especiais, devem ser
classificados, por um lado, de acordo com sua relevância para a pregação da Palavra e, por outro lado, segundo o exercício de ministérios práticos.
Os Dons do Espírito. Há cinco dons do Espírito:
A Operação de Milagres (1 Co 12.10,28-29). "Milagres" é a tradução de dynameis ("poderes"). Em Atos, dynameis refere-se à expulsão de espíritos malignos e à cura de enfermidades do corpo (8.6-7, 13; 19.11-12). Isto talvez explique a "operação de poderes", mas este dom não é sinônimo de "dons de curas". Provavelmente aquele era muito mais espetacular do que estes, e pode ter implicado na ressurreição de mortos (At 9.36ss.; 20.9ss.). O próprio Paulo exercia este dom de operar poderes, e para ele se tratava de uma prova do seu apostolado (2 Co 12.12)que autenticava tanto as boas novas que pregava, quanto seu direito de proclamá-Ias (Rm 15.18ss.).
Dons de Curas (1 Co 12.9,28,30). Conforme já foi sugerido, os dons de curas eram semelhantes à "operação de milagres" (poderes). Os ministérios de nosso Senhor (Mt 4.23-24), dos "doze" (Mt 10.1) e dos "setenta" (Lc 10.8-9) são testemunhos disto. Os dons de curas também se destacaram na igreja, depois do Pentecoste (At 5.15-16; cf. também Tg 5.14-15). "Dons" (no plural) indica a grande variedade das doenças curadas e dos meios usados nas curas. A pessoa que exercia o dom e o paciente que era curado tinham um elemento essencial em comum - a fé em Deus. Os escritos dos Pais da Igreja comprovam que "os dons de curas" eram exercidos na igreja séculos depois do período apostólico. Desde então, este dom tem aparecido de modo intermitente na igreja. Por muito tempo, os dons de curas estiveram inativos, mas hoje há denominações reconhecidas da igreja que acreditam que eles estão começando a reaparecer. Infelizmente, o procedimento de alguns que alegam ter recebido o dom tem dado a ele um certo desprestígio.
Os tipos de enfermidades curadas no período do NT, a natureza e o lugar da fé, a relevância do sofrimento na economia divina, a importância do subconsciente e a natureza da sua influência sobre o corpo, as associações entre os dons de curas e a ciência médica (um médico era contado entre os companheiros de viagem de Paulo!) - tudo isto não tem recebido a devida atenção, nos dias de hoje. Os dons de curas são um dom permanente do Espírito à Igreja, mas são apropriadamente exercidos apenas por homens do Espírito, de humildade e fé.
O Dom de Socorro (1 Co 12.28). O tipo de dom espiritual subentendido por "socorro" pode ser deduzido de At 20.35, onde Paulo exorta os presbíteros em Éfeso a trabalharem para "socorrer aos necessitados" e a constantemente lembrarem-se das palavras do próprio Senhor: "Mais bem-aventurado é dar que receber". Paulo apóia esta exortação com seu próprio exemplo. A igreja primitiva parece ter tido uma solicitude especial para com os necessitados entre os seus membros, e aqueles que ajudavam os indigentes eram considerados revestidos pelo Espírito para este ministério. Não é impossível que o ofício de presbítero tenha se originado no dom de presidência. Da mesma maneira, o ofício ou dever de diácono pode ter tido sua origem neste dom de socorro. O diácono era alguém que ministrava aos necessitados (At 6.1-6).
O Dom de Governo ou Administração (1 Co 12.28; cf. Rm 12.8). A organização da igreja ainda não era sólida. Os cargos oficiais ainda não tinham sido estabelecidos, nem havia, também, oficiais devidamente nomeados regendo as igrejas. Era necessário, portanto, que certos membros recebessem e exercessem o dom de reger ou governar a assembléia local dos crentes. Este dom tomava a forma de conselhos sadios e julgamento sábio na direção dos negócios da igreja. Paulatinamente, é lógico, este dom de orientar e reger os negócios da igreja chegou a ser intimamente identificado com certos indivíduos, e estes começaram a assumir responsabilidades de uma natureza quase permanente. Chegaram a ser oficiais reconhecidos na igreja, cumprindo deveres bem definidos na administração da comunidade cristã. No início, porém, era reconhecido que alguns cristãos tinham recebido o dom de governar, e tinham liberdade para exercê-Io. Além da administração, questões práticas na direção do culto público exigiam sabedoria e previsão e, neste caso, também, aqueles que reconhecidamente tinham recebido o dom de governar também teriam de legislar.
O Dom da Fé (1 Co 12.9). O dom da fé provavelmente deve ser incluído entre os dons que se relacionam estreitamente com a vida prática e o desenvolvimento da igreja. Estes dons espirituais naturalmente fortaleciam os crentes na sua fé, e convenciam os descrentes quanto à autenticidade da mensagem da igreja. O dom da fé proveniente do Espírito podia efetuar coisas poderosas (Mt 17.19-20) e manter os crentes perseverantes na perseguição. Estes cinco dons espirituais, portanto, relacionavam-se especificamente com os aspectos práticos da vida da igreja, o bem-estar físico dos crentes e a boa ordem da sua adoração e conduta. Os demais dons do Espírito dizem respeito ao ministério da Palavra de Deus. Por isso, eram mais importantes do que os dons acima alistados; mas estes últimos não deixavam, tampouco, de ser dons espirituais. Em sua origem e natureza eram o resultado de habilitações especiais do Espírito.
O Apostolado. Acerca dos dons especialmente relevantes para a pregação da Palavra, Paulo dá a primazia para a graça do apostolado: "A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente apóstolos" (1 Co 12.28). A designação "apóstolo" começou a ser aplicada a personagens do NT que não integravam os "doze", especialmente a Paulo. Este atribuía um valor tão alto ao dom do aposto lado que o Espírito Santo lhe conferira, que ocasionalmente ele se dava ao trabalho especial de comprovar a sua validez (cf. 1 Co 9.1ss.; GI 1.12), Os apóstolos tinham a convicção de terem recebido este dom espiritual para capacitá-Ios a cumprir o ministério da Palavra de Deus; nada, portanto, podia impedi-Ios de cumprir tal função de suprema importância (At 6.2), Além disso, entendemos pelas palavras de Paulo que o dom do apostolado devia ser exercido principalmente entre os descrentes (1 Co 1.17), ao passo que outros dons espirituais estavam mais proximamente relacionados com as necessidades dos crentes. O apostolado de Paulo devia ser cumprido entre os gentios; o ministério da Palavra por parte de Pedra devia ser exercido entre os judeus (GI 2.7-8). Obviamente, o dom do apostolado, da parte do Espírito, não se limitava rigorosamente a um grupo de homens cujo dom do apostolado os tornara, por isso mesmo, unidades especiais de uma graça ou autoridade divina. Sua função era, sem dúvida, concebida como a mais importante no que concernia ao ministério da Palavra, mas logo passaremos a ver que este dom espiritual era apenas um entre certo número de outros dons. A igreja era edificada sobre profetas, além de apóstolos (Ef 2.20), sendo que estes ministravam a Palavra à igreja, e os profetas pregavam a Palavra aos não-cristãos. Portanto, uma vez que o dom do apostolado era espiritual, assim também o era a autoridade dos apóstolos. Permaneceu sendo uma prerrogativa do Espírito Santo e nunca se tornou oficial no sentido de que uma pessoa pudesse transmiti-Ia aos outros por sua própria vontade. A autoridade dos apóstolos era exercida de forma democrática, e não autocraticamente (At 15.6, 22). Tinham o cuidado de incluir os presbíteros e os irmãos quando substanciavam a validez das diretrizes que estavam promulgando entre as igrejas.
Até mesmo quando Paulo recebia um pedido para legislar para as igrejas Que ele próprio fundara, sua autoridade não era o seu apostolado, mas uma palavra do Senhor (1 Co 7.10).
Profetas. Os profetas têm o segundo lugar de importância depois dos apóstolos na enumeração que Paulo faz dos dons espirituais (1 Co 12.2ss.).O dom da profecia já foi diferenciado da graça do apostolado, com base na esfera em que cada um era exercido.
Em certo sentido, o desejo de Moisés (Nm 11.29) tinha sido realizado na experiência da igreja como um todo (At 2.17-18; 19.6; 1 Co 11.4-5), mas alguns indivíduos parecem ter sido especialmente dotados com esta graça (At 11.28; 15.32; 21.9-10). Estes profetas na igreja do NT freqüentemente parecem ter sido pregadores itinerantes. Indo de igreja em igreja, edificavam os crentes na fé, mediante o ensino da Palavra. Seu ministério provavelmente era caracterizado por espontaneidade e poder, visto que parece ter incluído palavras por meio de revelação (1 Co 14.6,26,30-31). Nestas passagens, no entanto, as declarações dos profetas eram claramente entendidas, em comparação com as expressões em línguas. Em certas ocasiões, Deus fazia conhecida a Sua vontade através do profeta (At 13.1ss.), ou um evento futuro era predito (At 11.28; 21.10-11); mas o dom especial do profeta era de edificação, exortação, consolação e instrução das igrejas locais (1 Co 14). No período subapostólico, o profeta ainda podia ter precedência sobre o ministro local, mas já estava próximo o dia em que este dom de profecia passaria para os ministros locais que pregavam a Palavra, a fim de edificar os membros da comunidade cristã.
A natureza deste dom de profecia era tal que o perigo dos falsos profetas sempre deve ter estado presente. O Espírito, portanto, comunicava um dom que capacitava alguns, dentre aqueles que escutavam os profetas, a reconhecer a veracidade ou a falsidade dos seus pronunciamentos. Não se tratava de entendimento natural nem de juízo sagaz, mas de um dom sobrenatural. Paulo descreve este dom sobrenatural como "discernimento de espíritos". O fato de o profeta falar por revelação tornava quase inevitável o surgimento de falsos profetas; assim, embora Paulo conclamasse seus convertidos a não desprezarem as profecias, nem por isso deviam deixar de provar todas as coisas (1 Ts 5.20-21).
O Dom de Discemimento de Espíritos. Era necessário que os crentes soubessem diferenciar entre os espíritos falsos e os verdadeiros, quando um profeta itinerante alegava estar inspirado para falar por revelação (1 Co 14.29).
O Dom de Ensino. Num íntimo relacionamento com o dom da profecia, mas cuidadosamente distinto dele, temos o dom de ensino (1 Co 12.28-29; Rm 12.7).O profeta era um pregador da Palavra; o mestre explicava aquilo que o profeta proclamava, reduzia-o a declarações doutrinárias e aplicava-o à situação em que a igreja vivia e testemunhava.
O mestre oferecia instrução sistemática (2 Tm 2.2) às igrejas locais. Em Ef 4.11, Paulo acrescenta a idéia de pastor àquela de mestre, porque ninguém pode comunicar de modo eficaz (ensinar) sem amar aqueles que estão sendo instruídos (pastorear). De modo semelhante, para ser um pastor eficaz, a pessoa também deve ser um mestre.
O Dom de Exortação (Rm 12.8). Aquele que possuía o dom da exortação cumpria um ministério estreitamente aliado com o do profeta e mestre cristão. A diferença entre eles seria achada na abordagem mais pessoal daquele que exortava. Para que as exortações fossem bem sucedidas, teriam de ser feitas no poder persuasivo do amor, da compreensão e da simpatia. Seu alvo era ganhar os cristãos para um modo superior de vida e para uma dedicação mais profunda a Cristo. O Espírito, portanto, que outorgava o dom da exortação transmitia, juntamente com o dom, a qualidade de persuasão e atração espirituais.
O Dom de Falar a Palavra da Sabedoria (1 Co 12.8), A sabedoria era uma parte importante da dotação do Espírito Santo, no que dizia respeito à comunidade cristã. Este dom transmitia a capacidade de receber e explicar "as coisas profundas de Deus". Há muita coisa misteriosa no tratamento de Deus com os homens, e o cristão comum freqüentemente necessita de uma palavra que lance luz sobre a sua situação; a pessoa equipada pelo Espírito para cumprir este ministério recebe, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria. Por causa do forte sentido de revelação ou introspecção subentendido na expressão, talvez este dom fosse semelhante a uma declaração reveladora feita pelo profeta cristão.
O Dom de Falar a Palavra do Conhecimento (1 Co 12.8). Falar a palavra do conhecimento sugere uma palavra falada somente depois de consideração longa e cuidadosa. Tratava-se de uma palavra que o mestre cristão normalmente proferia. Naturalmente, esta atividade mental não estava destituída de ajuda, e atingia-se um ponto em que o Espírito fornecia conhecimento, entendimento e discernimento que poderiam ser descritos como intuição. Mas visto que Paulo indica que tanto a palavra da sabedoria como a do conhecimento são dadas pelo Espírito ou por meio dEle, a ênfase recai sobre o recebimento da palavra, e não sobre a sua interpretação.
O Dom de Línguas. Outro dom espiritual também é mencionado por Paulo. O Espírito outorga "variedades de línguas" (1 Co 12.10, 28), Em 1 Co 14, explica-se a natureza deste dom. (1) A língua em que a pessoa falava era ininteligível e, portanto, não edificava a assembléia cristã (vv. 2-4); (2) A língua (glõssa) não era um idioma estrangeiro (phone, vv. 10-12); (3) Aquele que falava em línguas dirigia-se a Deus, a quem provavelmente oferecia oração e louvor (vv. 14-17); (4) A língua edificava quem a falava (v. 4); (5) Aquele que falava perdia o controle das faculdades intelectuais (vv. 14-15), sendo a língua provavelmente uma série extática de exclamações desconexas em tom agudo, semelhante às línguas faladas nos tempos de despertamento espiritual intermitentemente experimenta dos pela igreja.
O Dom da Interpretação de Línguas (1 Co 12.10,30). Um corolário necessário ao se falar em línguas era a interpretação de línguas. Aquele que falava em línguas podia também exercer o dom da interpretação, mas geralmente outros o exerciam (vv. 26-28; 12.10), embora o conselho de Paulo em 1 Co 14.13 seja interessante. Isto subentendia dar sentido a exclamações extáticas incompreensíveis, assim como um crítico de arte interpreta uma peça de teatro, uma sinfonia ou uma tela, explicando-as aos leigos, embora o intérprete de línguas não dependesse de conhecimentos naturais.
O Evangelísta. Outro dom fornecido à igreja é o de evangelista. Timóteo é chamado evangelista, em 2 Tm 4.5, e o mesmo ocorre com Filipe, um dos "sete", em At 21.8. A tarefa de pregar o evangelho, embora teoricamente seja responsabilidade de todas as pessoas, é confiada especificamente a certos indivíduos pelo Espírito Santo. Devem exercer o seu ministério com o pleno reconhecimento de que o poder advém de Deus, sendo, portanto, desnecessárias e erradas as efêmeras técnicas de manipulação. A presença de tais coisas é uma clara indicação da ausência do Espírito. Convertidos provenientes do ministério do evangelista devem ser encaminhados à igreja, onde serão edificados por aqueles que exercem os demais dons.
Ministério (gr. diakonia). O ministério (ou serviço) é chamado um dom, em Rm 12.7. Este termo é usado de várias maneiras no NT, desde uma idéia generalizada de ministério (2 Co 5.18, onde a pregação de Paulo é chamada ministério de reconciliação) até um cargo ou tarefa específicos (1 Tm 1.12). É difícil saber com exatidão o sentido pretendido por Paulo aqui. Talvez seja um dom geral de poder para qualquer pessoa que exerça uma função específica na igreja.
Contribuição. Paulo fala na contribuição como um dom (Rm 12.8). Todos devem contribuir para suprir as necessidades da igreja, do seu ministério e dos pobres, mas um dom especial habilita algumas pessoas a fazerem um sacrifício alegre nesta área. Paulo acrescenta que este dom deve ser exercido "sem má vontade" ou "com liberalidade".
Atos de Misericórdia (Rm 12.8). Atos de misericórdia devem ser realizados com alegria, sob a orientação do Espírito Santo. Alguém poderia perguntar-se por que um ato tão nobre exigiria um revestimento carismático, mas as circunstâncias dos tempos o explicam. Oferecer ajuda era perigoso. Semelhante identificação com outros cristãos necessitados estigmatizava quem os ajudava como cristão também, dando lugar à possibilidade de perseguição para este último.
Prestação de Ajuda (Rm 12.8) é a tradução aqui adotada pelo verbo que nas duas versões de Almeida aparece como "presidir". Esta prestação de ajuda, também mencionada como dom, deve ser exercida com zelo É possível que este dom seja outra forma de dom administrativo. Se este for o caso, não há nada de novo. Caso contrário, forma um paralelo mais estreito com os atos de misericórdia.
Conclusão. Ao instruir os cristãos no tocante ao exercício destes dons, Paulo preocupa-se em ressaltar a sua natureza prática. O Espírito outorga Seus charismata para a edificação da igreja, a formação do caráter cristão e o serviço da comunidade. O recebimento de um dom espiritual, portanto, trazia uma séria responsabilidade, visto ser essencialmente uma oportunidade de se dar a si mesmo em serviço sacrifical em prol dos outros.
Os dons mais espetaculares (línguas, curas, milagres) necessitavam de algum grau de ordem que impedisse o seu uso indiscriminado (1 Co 14.40). Os espíritos dos profetas devem estar sujeitos aos profetas (v. 32). Paulo claramente insiste em que os dons espetaculares eram inferiores àqueles que instruíam os crentes na fé e na moral, e que evangelizavam os não-cristãos. Não era proibido o falar em línguas (v. 39), mas a exposição inteligente da Palavra, a instrução na fé e na moral, e a pregação do evangelho eram infinitamente superiores. Os critérios usados para julgar os valores relativos dos dons espi rituais eram doutrinários (1 Co 12.3), morais (1 Co 13) e práticos (1 Co 14).
O problema estava em onde colocar o ponto de equilíbrio. O maior perigo achava-se em enfatizar demasiadamente os dons, o que tendia a exaltar os ofícios que se desenvolveram a partir deles. Esse fato levava inevitavelmente ao "eclesiasticismo" institucional e á indubitável correspondente perda da consciência que a igreja tinha da presença do Espírito e da experiência do poder do Espírito.

Fonte: Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã - Walter A. Elwell

Nenhum comentário:

Postar um comentário