O reino de Deus é o centro da mensagem do Novo Testamento. Ele foi anunciado por João Batista (Mt 3.2) e era a essência do ensino de Jesus — o que devemos buscar em primeiro lugar e acima de tudo (Mt 6.33). Ele é a vida da igreja —"o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo" (Rm 14.17). Foi a mensagem evangelística dos primeiros crentes (At 8.12; 14.22; 19.8; 20.25; 28.23, 31). Um dia ele englobará tudo, quando o reino deste mundo se tornar o reino do nosso Senhor e do seu Cristo, que reinará para todo o sempre (Ap 1.15; 1Co 15.23-28).
O reino de Deus, também chamado reino dos céus por Mateus, não é definido geograficamente nem por Jesus nem pelos escritores dos evangelhos. Os profetas do Antigo Testamento, por sua vez, consideram-no o âmbito em que a vontade de Deus se cumpre. É o governo soberano de Deus e, em princípio, engloba todo o mundo criado. Em certo sentido equivale ao domínio providencial de Deus sobre o mundo, mas essa idéia não tem destaque nos evangelhos. A ênfase principal é colocada na obra redentora de Deus. O reino de Deus é o âmbito em que a vontade do Deus que salva é conhecida e experimentada. É o âmbito em que a vontade de Deus se cumpre. Alguns são atraídos por ele, outros estão à sua margem e ainda outros estão realmente nele (Mt 13.24-30,36-40,47-50). Contudo, não cabe a nós dizer quem está nele e quem não está - o reino é de Deus, não nosso. Temos de tomar cuidado para não afastar as pessoas que estão tentando entrar nele. Aqueles que estão no reino de Deus estão salvos, e é Jesus quem as conduz para dentro.
Vale a pena observar que, apesar de o reino de Deus ser o ponto central dos ensinamentos de Jesus e dos evangelhos, nenhuma vez Deus é chamado rei. Isso pode ser ligado a outro detalhe notável do que Jesus disse, a saber, que Deus é nosso Pai celestial. Juntando as duas idéias temos uma descrição do governo soberano e salvador de Deus. Ele é o governante que exerce sua soberania como Pai celestial benevolente, que abre a porta da salvação para todos os que querem entrar.
O reino é ao mesmo tempo presente (Mt 11.11,12; 12.28; 18.1-5; Lc 17.21) e futuro (Mt 6.10; 26.29; Lc 19.11-27; 21.29-31). O poder salvador da era vindoura irrompeu em nossa era, e podemos ser salvos agora; o reino, porém, ainda não chegou plenamente, a nossa era continua se deteriorando até que venha o fim, até que somente Deus seja supremo e nós sejamos integralmente salvos.
Os evangelhos têm muito a dizer sobre as exigências para entrar no reino. Para entrar nele e ser salvo, é preciso arrepender-se e crer no evangelho (Mc 1.15). A pregação do reino feita por Jesus era a pregação do evangelho (Mt 4.23; 9.35). Temos de fazer a vontade do nosso Pai celestial para entrar (Mt 7.21), e nossa justiça precisa exceder a dos escribas e fariseus (Mt 520). Temos de nos arrepender e nos tomar como crianças pequenas para entrar (Mt 18.3; Mc 10.15; Lc 18.17).
Aqueles que não têm fé, mesmo sendo filhos do reino (ou seja, judeus), não tomarão parte nele (Mt 8.10-13). Precisamos vender tudo o que temos para adquirir o reino, um tesouro além de toda comparação (Mt 13.44, 45). Se necessário, temos de estar dispostos a fazer sacrifícios extraordinários para entrar (Mt 19.12; Mc 9.42-48). Jesus resume tudo o que foi dito acima ao afirmar que precisamos nascer de novo (Jo 3.3-9).
Pelo fato de o reino de Deus não ser deste mundo (Jo 18.36), a vida no reino é totalmente oposta aos valores deste mundo. As bem-aventuranças definem seus princípios fundamentais (Mt 5.3-12). Além disso, devemos ter espírito de perdão (Mt 18.23-35), ser humildes (Mt 18.4), generosos (Mt 20.1-16), discretos (Mt 20.20-28) e totalmente comprometidos (Lc 9.57-62).
Em suma, aqueles que, pela fé no evangelho de Cristo, se tornaram membros do reino são filhos de Deus e têm de viver de acordo com isso, como pessoas redimidas por ele e que, no fim, herdarão a vida eterna.
Fonte: David S. Dockery - Manual Bíblico Vida Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário