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AS INSTITUIÇÕES DO JUDAÍSMO: A SINAGOGA.



Ao cair a cortina sobre a história do Velho Testamento, nenhuma referência temos de outro lugar de adoração que não o Templo, salvo a atinente a líderes apóstatas, que procuraram manchar a religião de Israel, estabelecendo sobre morros lugares de culto, em imitação do ritual pagão. Ao abrirmos o Novo Testamento, imediatamente nos defrontamos com uma nova instituição de grande proeminência na religião judaica, conhecida como sinagoga. A palavra é de origem grega e significa “reunidos juntamente”, isto é, em assembleia.

1. Quanto à origem da sinagoga, nada temos como elemento de certeza. Entre os judeus andava em voga a tradição de que fora fundada por Moisés, mas isto, naturalmente, não era certo. A teoria com que concorda quase que unanimemente a escola bíblica atual é de que ela se originara em Babilônia, durante o exílio, tendo conquistado após a restauração um lugar permanente e definido na vida da nação. Depois que as tribos foram levadas ao cativeiro, já que desesperadamente haviam sido desgarrados do Templo com seu culto, os de mais devoção reuniam-se em algum lugar conveniente para ler e discutir as passagens da lei. O hábito de reunir-se tornou-se mais regular e mais difuso, até que lugares e ocasiões determinados foram adotados para encontros especiais. A reforma empreendida por Esdras, que deu grande ênfase ao estudo da Lei, veio imprimir um grande impulso ao estudo sistemático da Lei.

2. A função precípua da sinagoga era prover um lugar para o estudo da Lei. O Templo constituía o lugar de culto, enquanto a sinagoga era o de instrução: a instituição educacional do judaísmo. “Em diversas cidades”, diz Filo, “nossas casas de oração não são mais que instituições para ensino da prudência e coragem, temperança e justiça, piedade e santidade.” O ensino era administrado por escribas ou rabis, especialmente preparados para este fim e separados para este serviço por meio de especiais cerimônias de ordenação.

3. É provável que os serviços na sinagoga fossem, a princípio, realizados só nos dias de sábado, mas, muito antes dos tempos neotestamentários, adotou-se o hábito de dirigir serviços de sinagoga nos grandes dias de festa para beneficiar os que não podiam subir a Jerusalém. No tempo de nosso Senhor era costume realizar serviços de sinagoga às segundas e terças-feiras, além dos serviços aos sábados, para conveniência do povo em geral, o qual, como diz Hausrath, “trazia seus frutos ao mercado e suas disputas aos juízes” nesses dias. Os serviços da sinagoga transcorriam de acordo com um padrão mais ou menos fixo. Após os serviços preliminares que constavam de “bendições” de abertura, e da recitação de um ritual de confissão conhecido por “ Shema” e oração, lia-se um determinado trecho da Lei; em seguida, geralmente outro dos Profetas, após o qual alguém era chamado ou se apresentava voluntariamente para fazer um comentário de caráter expositivo ou exortativo. O serviço era concluído com a bênção final pronunciada por um sacerdote.

4. Em conexão com a sinagoga havia um grupo de oficiais. Os de mais importância eram os anciãos, escolhidos pela congregação para supervisionar a vida comunitária. Dentro da Palestina, nas cidades dominadas pela população judaica, os anciãos exerciam controle tanto sobre os negócios religiosos como civis, mas, na Dispersão, suas prerrogativas limitavam-se, naturalmente, apenas às religiosas. Os serviços regulares da sinagoga estavam a cuidado de um oficial conhecido como “dirigente”. Este cuidava da conservação do edifício, tomava conta dos rolos da Escritura que a sinagoga possuía, e dirigia os serviços da sinagoga ou escolhia alguém para que o fizesse. Outros oficiais, conhecidos como “recebedores”, responsabilizavam-se pela coleta e distribuição de esmolas. Um oficial subalterno, conhecido como “ministro” (no grego diáconos), atuava como auxiliar do dirigente da sinagoga, e outro, que era o “recitador de orações” oficial, servia na qualidade de secretário da sinagoga em suas transações com o mundo exterior. Nos dias de Jesus e Paulo não havia no judaísmo outra instituição de maior influência que a sinagoga.

Fonte: O Mundo do Novo Testamento - H. E. Dana.

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