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O SUSTENTO DOS MINISTROS.

Ao considerarmos este assunto percebemos que no mundo religioso há dois extremos de pensamento:
    Ø  Visto que o evangelho é gratuito, seria contra as Escrituras oferecer sustento econômico ao pastor.
    Ø  O pastor deve receber e viver de um salário estipulado como em qualquer outra profissão.
Nos ensinamentos da Bíblia há um caminho do meio entre estes dois extremos. Primeiro vamos considerar a forma bíblica de sustentar e depois a forma que não é bíblica.

1. O SUSTENTO BÍBLICO.
A Bíblia ensina claramente que é necessário sustentar o obreiro cristão: “Digno é o operário do seu alimento” (Mateus 10; 10). “Digno é o obreiro de seu salário” (Lucas 10:7). “Não ligarás a boca ao boi que debulha e Digno é o obreiro do seu salário” (1 Timóteo 5:18). “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1 Coríntios 9:14). Vemos que é bíblico que os que trabalham no evangelho recebam ajuda quando necessitarem dela. Existem várias formas em que devemos ajudar os ministros:
Ø  Orar. Paulo jamais pediu um salário para poder ensinar melhor o evangelho, mas repetidas vezes pediu as orações do povo de Deus (leia Colossenses 4:2-3; 1 Tessalonicenses 5:25; 2 Tessalonicenses 3:1). Deus, por meio das orações da igreja, tirou Pedro de uma situação difícil (leia Atos 12:5). As orações dos santos ajudam os ministros a serem bem-sucedidos na obra (leia 2 Coríntios 1:11).
Ø  Obedecer. A Bíblia admoesta a congregação dizendo: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil” (Hebreus 13:17). Devemos apoiar os nossos pastores, obedecendo-os e sujeitando-nos a eles. Isto aliviará a sua carga e será proveitoso para nós também.
Ø  Animar. Não bajular. Bajular não ajuda ninguém, mas pelo contrário, prejudica a muitos. Mas, uma palavra de ânimo ajuda o pastor a pregar sem temor e a governar de acordo com a Palavra sem desanimar-se.
Ø  Ajudar na obra. Há muitas maneiras em que os membros podem ajudar os pastores: visitar os enfermos, conversar com os negligentes e indiferentes, animar os abatidos, instar os incrédulos a receber a Cristo, admoestar os rebeldes, participar ativamente na obra da igreja e assistir regularmente aos cultos. Não procure tomar o lugar do pastor, mas seja um ajudante fiel na obra.
Ø  Ajudar materialmente. O pastor procura ganhar a vida ao mesmo tempo em que cumpre os deveres da sua função. Os seus deveres requerem tempo, dinheiro e energia. Além disso, pode ser que ele passe muito tempo fora de casa e do seu trabalho por causa da obra. Os membros da igreja também devem cuidar para que o pastor não tenha que sofrer por causa disso. Nós devemos ajudá-lo em seu trabalho quando isto ocorrer. Compartilhe o seu tempo com ele e ajude-o no trabalho que sustenta a sua família. Talvez o pastor tenha alguma necessidade que você percebe. Ajude-o, compartilhando com ele no que você puder. Não deixe que a obra do Senhor sofra porque o pastor tem que dedicar-se também ao trabalho de sustentar a família. “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo” (Gálatas 6:2).
Contudo, devemos compreender que ajudar o pastor com uma ajuda financeira não é pagar-lhe para pregar o evangelho. Você não deve pagar a ninguém para pregar o evangelho. Isso cabe ao Senhor. Ele recompensará os seus servos como ele quiser. O seu dever cristão é ajudá-lo para que possa servir melhor ao Senhor como pastor.

2. O SALÁRIO ESTIPULADO.

A obra do evangelho não tem valor monetário; não pode medir-se com dinheiro. A Bíblia condena os homens que servem no evangelho por ganhos desonestos ou para ganhar dinheiro (leia 1 Timóteo 3:3; Tito 1:7—11; 1 Pedro 5:2). A seguir veremos alguns pontos contrários a um salário estipulado para o pastor.
Ø  O evangelho é gratuito. A salvação é uma dádiva de Deus. Jesus fez com que o evangelho fosse um dom gratuito. Tudo que somos em Cristo Jesus foi recebido sem merecimento: “De graça recebestes, de graça daí” (Mateus 10:8). Se o evangelho fosse vendido por dinheiro, muitas pessoas seriam impossibilitadas de ouvi-lo por falta de dinheiro. O evangelho é para todos. A única maneira para que todos possam beneficiar-se do evangelho é que seja oferecido gratuitamente. Paulo disse: “Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário” (2 Coríntios 11:8). Mas isso não quer dizer que ele recebeu pagamento para pregar o evangelho, mas que aceitou dinheiro de outras congregações para poder servir aos próprios coríntios. Ele aceitava ajuda quando passava por necessidades. O apóstolo Paulo testemunhou que trabalhava com as mãos não somente para o seu próprio sustento, mas às vezes também para ajudar seus colaboradores (leia Atos 20:34—35). É honroso, saudável e bíblico que um pastor trabalhe com as mãos para o sustento de si mesmo e de sua família, e para que possa repartir com outros.
Ø  O pastor é servo do Senhor. É normal um servo receber uma remuneração de seu patrão. O pastor é servo do Senhor, capacitado pelo Senhor, chamado pelo Senhor, responsável perante o Senhor e dependente do Senhor para seu pagamento. Ele presta contas primeiramente a Deus e não aos homens. Deus o instrui assim: “Procura apresentar-te a Deus aprovado” (2 Timóteo 2:15). O Senhor provê para que o pastor possa ganhar a vida. Deus também encarrega os irmãos fiéis a ajudarem o pastor em suas necessidades. Mas Deus dá ao pastor um salário de muito maior valor do que o dinheiro. O pastor que vende a sua vocação celestial por um salário estipulado e contrata os dons e as habilidades que recebeu do Senhor, desvia-se para um caminho que não é conforme as Escrituras e no final não terá a aprovação de Deus.
Ø  O salário é como um cabresto. O patrão paga ao empregado uma soma em dinheiro pelo trabalho que realiza. O patrão tem o direito legítimo de ditar o tipo de trabalho que se faz e a maneira que é feito. Muitas vezes o pastor assalariado acaba sendo um “empregado” de seus ouvintes e tem que fazer vista grossa aos pecados daqueles que lhe pagam. Se repreender esses pecados de acordo com o chamado recebido de Deus, acaba perdendo o emprego. Tais pastores acabam ficando numa situação difícil e tornam-se “cães mudos, [que] não podem ladrar” (Isaías 56:10). Eles são tentados a agradar aos homens, porque deles recebem o seu sustento e deles vem a sua manutenção. Mas é impossível servir a dois senhores.
Ø  Comercializa a obra do evangelho. Caso a obra do evangelho seja colocada no mesmo nível de outras profissões, é natural que o aspecto comercial esteja implícito. Assim ouve-se dizer que determinado pastor de muito talento foi chamado pelo Senhor de uma posição de menor salário para outra onde lhe pagam mais. Será que o Senhor o chamou para fazer isto? Jesus faria isto? Esse espírito comercial entre os pastores assalariados lança raízes tão profundas que o pastor chega a demandar o seu salário e cobrá-lo na justiça. O espírito do evangelho é um espírito de sacrifício. O espírito comercial é contrário ao espírito de sacrifício. Quando esse espírito é permitido na obra do pastor, ele destrói o verdadeiro propósito da pregação do evangelho. Esse espírito comercial tem se tornado tão predominante que muitos até formaram sindicatos de pregadores que fixam salários e fazem demandas às congregações. E se as congregações querem que se lhes pregue o evangelho, têm que aceitá-lo conforme o modo do sindicato e pagar o preço fixado.
Ø  Torna-se uma armadilha enganadora. O salário que as igrejas pagam ao pastor constitui um laço que apanha muitos jovens inteligentes que não preenchem os requisitos para esse ofício sagrado. Muitos deles são incrédulos. Não conhecem a voz do Espírito Santo. Não fazem caso das muitas doutrinas fundamentais da Palavra. Não sabem, nem querem saber, qual será o destino eterno das almas dos homens. Eles pensam no ministério como sendo uma profissão honrada que não requer roupa de trabalho, mãos sujas nem suor. Só pensam que ser pastor lhes oferece a oportunidade de estar entre a melhor classe da sociedade, chamado de reverendo, respeitado e honrado pelo povo. Gostam da ideia de dar sermões adornados com expressões agradáveis ao ouvido e orações eloquentes, experimentar a sensação agradável de dirigir-se a um auditório atento e ver o seu nome publicado nos diários como um orador e pregador popular. Por isso, os homens incrédulos tornam-se pastores, porque desejam um bom salário e renome pessoal. Não têm o desejo de serem utilizados por Deus para salvar as almas perdidas, e assim trazer glória a Deus. Assim se frustra o propósito primordial de ser pastor. A igreja se torna um centro social, e as almas dos homens se perdem. Tudo isso porque os homens foram seduzidos pelo salário oferecido aos pastores.

Fonte: Doutrinas da Bíblia - Daniel Kauffman.

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