A MAIS ANTIGA ORAÇÃO DE ORDENAÇÃO.

A Tradição apostólica de Hipólito é, depois da Didaqué, a mais antiga e a mais importante das constituições eclesiásticas da Antiguidade. Visto o vocabulário sacerdotal ter sido primeiramente empregado a respeito do bispo, o ritual de ordenação do bispo oferece particular interesse. Apresentamos aqui a primeira grande oração de ordenação.

“Seja ordenado bispo aquele que foi escolhido por todo o povo (que é) irrepreensível. Quando seu nome tiver sido proclamado e aceito, o povo reunir-se-á com o presbitério e os bispos presentes, no dia de domingo. Com o consentimento de todos, que os bispos lhe imponham as mãos, e mantenha-se o presbitério sem nada fazer.

Conservem-se todos em silêncio, orando em seu coração, para que desça o Espírito Santo. Depois desses momentos de recolhimento, um dos bispos presentes, a pedido de todos, imporá a mão sobre o novo bispo e dirá;

‘Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação (2 Cor 1,3), tu que habitas no mais alto (dos céus) e olhas para quem é humilde (S1113,5-6), que conheceis sempre todas as coisas antes que existam (Dn 13,42), tu que deste as regras de tua Igreja através da palavra de tua graça, que predestinaste desde a origem a raça dos justos (descendentes) de Abraão, que instituíste chefes e sacerdotes, e não deixaste teu santuário sem o serviço; (tu) a quem agradou, desde a fundação do mundo, ser glorificado naqueles que escolheste, derrama agora o poder que vem de ti, (aquele) do espírito soberano (SI 51,14), que deste a teu Filho bem-amado, Jesus Cristo, que ele concedeu a teus santos apóstolos que fundaram a Igreja em todo lugar (como) teu santuário para a glória e o louvor incessante de teu nome.

Ó Pai, tu que conheces os corações, concede a teu servo que escolheste para o episcopado, que ele conduza teu santo rebanho e exerça diante de ti o santo sacerdócio de modo irrepreensível, servindo-te noite e dia; que, sem cessar, torne propício teu rosto e ofereça os dons de tua santa Igreja; que tenha, em virtude do espírito do soberano sacerdócio, o poder de perdoar os pecados, segundo teu mandamento (Jo 20,23), que distribua os encargos de acordo com tua ordem e desfaça qualquer elo, em virtude do poder que deste aos apóstolos (Mt 18,18); agrade-te ele, por sua mansidão e coração puro, oferecendo-te suave perfume, por teu filho Jesus Cristo, por quem seja dado a ti glória, poder, honra, (Pai e Filho) com o Espírito Santo na santa Igreja, agora e nos séculos dos séculos. Amém’.”

Tradução das Sources Chrétiennes,

11 bis, 2ª ed., 1968, pp. 43-47.

Fonte: O Sacerdócio na Bíblia - Joseph Auneau.