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O ESPÍRITO SANTO E ATOS - Herry L. Poe

        Atos dos Apóstolos poderia ser muito bem chamado Atos do Espírito Santo. Enquanto os  evangelhos descre­vem o ministério de Deus Filho, Atos descreve o ministério de Deus Espírito Santo por intermédio da igreja. Em vez de estabelecer um contraste fla­grante entre o trabalho do Filho e do Espírito, porém, Atos mostra a conti­nuidade do trabalho do Deus encar­nado através do seu Santo Espírito. O próprio Cristo está presente em sua igreja, por meio do seu Espírito.
O Espírito Santo não é "alguma coisa", mas a presença do próprio Deus na vida do cristão. Pedro deixou esse conceito claro no episódio de Ananias e Safira. Pedro acusou-os de mentir ao Espírito Santo (5.3), de mentir a Deus (5.4) e de tentar o Espírito de Deus (5.9). Ele não es­tava falando de três coisas diferentes que eles haviam feito. Estava falando do Espírito de três maneiras, mas pensando no único Espírito que pro­cede do Pai e do Filho, Do mesmo modo, o "Espírito de Jesus" é usado em referência ao Espírito Santo quan­do Paulo e Timóteo não tiveram per­missão de ir para a Bitínia (16.6-7).
O livro de Atos começa com o Senhor ressurreto prometendo a dádiva do Espírito aos seus discípulos. Com o Espírito viria o poder de executar a missão de levar o evangelho ao mundo (1.8). Jesus declarou a mis­são em progressão geográfica a partir de Jerusalém, espalhando-se para a região da Judéia, atravessando a bar­reira cultural para Samaria, e assim por diante para o restante do mundo. À medida que o livro se desenvolve, o Espírito Santo dá testemunho do avanço da igreja em cada um desses estágios cruciais.
No dia de Pentecostes, o Espírito Santo veio sobre a igreja com poder (2,1-4). Como resultado da pregação e do testemunho por parte de toda a igreja naquele dia (2.4, 6, 14), cerca de três mil pessoas foram acrescentadas à igreja (2.41). A igreja primitiva entendeu o batismo do Espírito Santo (1.5) como o cumprimento da pro­messa de Deus feita pelos profetas. Pedro pregou o primeiro sermão evangelístico baseado na profecia da vinda do Espírito Santo em Joel 2.28-32 (At 2.16-21). Além disso, Pedro des­tacou a dádiva do Espírito Santo como elemento central da salvação (2.38).
Quando Filipe levou o evangelho para Samaria, a igreja em Jerusalém enviou Pedro e João para orar pelos convertidos para que recebessem o Espírito Santo (8.14-17). Do mesmo modo, a conversão de Paulo atingiu seu clímax quando Ananias foi até ele para que recuperasse a visão e recebesse a plenitude do Espírito Santo (9.1-17). A dádiva do Espírito Santo dada a Cornélio e a outros gentios quando ouviram o evangelho convenceu Pedro e os outros apóstolos de que Deus concedera a salvação aos gentios (10.44—11.18; 15.8).
Quando encontrou um grupo de discípulos de João Batista em Efeso, Paulo lhes perguntou sobre o Espírito Santo para avaliar a condição deles. O fato de nunca terem ouvido falar do Espírito Santo mostrou a Paulo que era preciso pregar-lhes o evangelho de Jesus. Paulo batizou os que cre­ram e, quando lhes impôs as mãos, eles receberam o Espírito Santo (19.1-6).
Atos não traz uma seqüência fixa de batismo, imposição de mãos e recebimento do Espírito. Alguns relatos de conversões nem mencio­nam a imposição de mãos. O prin­cípio diretivo parece ser que aqueles que têm fé em Jesus recebem o Espírito Santo para lhes conceder os benefícios da salvação. Por isso, batismo e imposição de mãos não têm valor sacramentai para a sal­vação. Em vez disso, eles expressam simbolicamente a fé no que Deus fez. 

FONTE: Manual Bíblico Vida Nova – David S. Dockery

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