Atos dos Apóstolos poderia ser muito bem chamado Atos do Espírito Santo. Enquanto os evangelhos descrevem o ministério de Deus Filho, Atos descreve o ministério de Deus Espírito Santo por intermédio da igreja. Em vez de estabelecer um contraste flagrante entre o trabalho do Filho e do Espírito, porém, Atos mostra a continuidade do trabalho do Deus encarnado através do seu Santo Espírito. O próprio Cristo está presente em sua igreja, por meio do seu Espírito.
O Espírito Santo não é "alguma coisa", mas a presença do próprio Deus na vida do cristão. Pedro deixou esse conceito claro no episódio de Ananias e Safira. Pedro acusou-os de mentir ao Espírito Santo (5.3), de mentir a Deus (5.4) e de tentar o Espírito de Deus (5.9). Ele não estava falando de três coisas diferentes que eles haviam feito. Estava falando do Espírito de três maneiras, mas pensando no único Espírito que procede do Pai e do Filho, Do mesmo modo, o "Espírito de Jesus" é usado em referência ao Espírito Santo quando Paulo e Timóteo não tiveram permissão de ir para a Bitínia (16.6-7).
O livro de Atos começa com o Senhor ressurreto prometendo a dádiva do Espírito aos seus discípulos. Com o Espírito viria o poder de executar a missão de levar o evangelho ao mundo (1.8). Jesus declarou a missão em progressão geográfica a partir de Jerusalém, espalhando-se para a região da Judéia, atravessando a barreira cultural para Samaria, e assim por diante para o restante do mundo. À medida que o livro se desenvolve, o Espírito Santo dá testemunho do avanço da igreja em cada um desses estágios cruciais.
No dia de Pentecostes, o Espírito Santo veio sobre a igreja com poder (2,1-4). Como resultado da pregação e do testemunho por parte de toda a igreja naquele dia (2.4, 6, 14), cerca de três mil pessoas foram acrescentadas à igreja (2.41). A igreja primitiva entendeu o batismo do Espírito Santo (1.5) como o cumprimento da promessa de Deus feita pelos profetas. Pedro pregou o primeiro sermão evangelístico baseado na profecia da vinda do Espírito Santo em Joel 2.28-32 (At 2.16-21). Além disso, Pedro destacou a dádiva do Espírito Santo como elemento central da salvação (2.38).
Quando Filipe levou o evangelho para Samaria, a igreja em Jerusalém enviou Pedro e João para orar pelos convertidos para que recebessem o Espírito Santo (8.14-17). Do mesmo modo, a conversão de Paulo atingiu seu clímax quando Ananias foi até ele para que recuperasse a visão e recebesse a plenitude do Espírito Santo (9.1-17). A dádiva do Espírito Santo dada a Cornélio e a outros gentios quando ouviram o evangelho convenceu Pedro e os outros apóstolos de que Deus concedera a salvação aos gentios (10.44—11.18; 15.8).
Quando encontrou um grupo de discípulos de João Batista em Efeso, Paulo lhes perguntou sobre o Espírito Santo para avaliar a condição deles. O fato de nunca terem ouvido falar do Espírito Santo mostrou a Paulo que era preciso pregar-lhes o evangelho de Jesus. Paulo batizou os que creram e, quando lhes impôs as mãos, eles receberam o Espírito Santo (19.1-6).
Atos não traz uma seqüência fixa de batismo, imposição de mãos e recebimento do Espírito. Alguns relatos de conversões nem mencionam a imposição de mãos. O princípio diretivo parece ser que aqueles que têm fé em Jesus recebem o Espírito Santo para lhes conceder os benefícios da salvação. Por isso, batismo e imposição de mãos não têm valor sacramentai para a salvação. Em vez disso, eles expressam simbolicamente a fé no que Deus fez.
FONTE: Manual Bíblico Vida Nova – David S. Dockery
FONTE: Manual Bíblico Vida Nova – David S. Dockery
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