A primeira bênção específica mencionada é a que se chama, nos círculos teológicos, de eleição ou predestinação. Basicamente, esta doutrina afirma que Deus tomou a iniciativa no processo de “eleição” ou de “escolha”. No AT, Deus escolheu Israel dentre todas as nações da terra para que fosse seu povo da aliança (Deuteronômio 4:37; 7:6,7; Isaías 44:1,2); no NT, Deus escolheu algumas pessoas para serem membros da nova aliança, a Igreja (João 15:16; Romanos 8:29; 9:11; Efésios 1:4, 5; 2 Tessalonicenses 2:l3;2 Timóteo 1:9; 1 Pedro 1:2); homens como Jeremias (l:5)e Paulo (1 Coríntios 15:9-11) criam que até mesmo sua vocação havia sido predestinada por Deus.
Infelizmente, a Igreja dividiu-se em campos teológicos opostos, a respeito desta doutrina. Alguns (conhecidos como calvinistas) puseram toda a ênfase na graça soberana de Deus na questão de nossa salvação; outros (conhecidos como arminianos), puseram toda a ênfase no livre-arbítrio humano, no processo de nossa salvação. Visto que a bíblia não tenta harmonizar este aparente paradoxo, ele continua sendo um dos "mistérios" mais divisórios e especulativos da fé cristã.
Quando tratarmos desta questão, devemos evitar os extremos tanto na teoria como na prática, que com freqüência caracterizam os adeptos desta e daquela doutrina. A eleição para a salvação não implica, portanto, que Deus predestina o resto da humanidade para a perdição; tampouco deve a eleição conduzir ao orgulho espiritual entre os eleitos. A eleição simplesmente afirma que a fé pessoal repousa sobre a obra anterior (graça) de Deus, de tal maneira que, no que diz respeito à salvação, Deus tomou a iniciativa de chamar um povo para si. O indivíduo está livre para escolher a Deus, porque Deus já escolheu essa pessoa desde a eternidade. De maneira semelhante, a eleição não deve levar-nos à complacência espiritual; trata-se de um privilégio e responsabilidade que conduz à santidade de vida, e para as boas obras (1:4; 2:10).
Fonte: Arthur G. Patzia - Novo Comentário Bíblico Contemporâneo.
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