A Importância da Evangelização nas Casas
Um dos métodos mais importantes de difusão do evangelho na antigüidade foi o uso das casas. Ele tinha muitas vantagens. O número relativamente pequeno de pessoas envolvidas tornava possível uma troca de idéias proveitosa e um debate geral entre os participantes. O pregador não era isolado artificialmente dos seus ouvintes; nem o orador, nem o crítico caíam na tentação de tentar agradar o povo, como nos lugares públicos ou ao ar livre. A atmosfera muito informal e descontraída do lar, sem esquecer a hospitalidade que deve ter sido desfrutada, tudo contribuía para fazer com que este tipo de evangelização tivesse um sucesso especial. Já mencionamos como Celso criticou isto. Era nas casas particulares que tecelões e sapateiros, lavadeiras e caipiras, que ele desprezava tanto, faziam seu proselitismo. Até as crianças eram ensinadas que, se cressem, "seriam felizes e fariam seus lares felizes também." Os Reconhecimentos de Clemente nos fornecem um exemplo de encontros nas casas, assim como devem ter sido comuns no segundo século, quando Clemente é levado para a residência de Pedro em Cesaréia. Nas conversas em uma taverna ele ficara sabendo que um certo Pedro estava na cidade, e que faria um debate com certo Simão no dia seguinte, um samaritano, e Clemente pede para ser levado a sua residência. Ele foi bem recebido, e em pouco tempo estava ouvindo instruções extensas do apóstolo. Em outra passagem da mesma obra temos um relato de como Pedro e seu companheiro chegaram em uma casa, para uma visita anteriormente combinada: “O dono da casa nos recebeu, e nos levou para dependências da casa arranjadas como um teatro, muito bem adaptadas. Havia um grupo considerável esperando por nós, que viera já durante a noite..." e em pouco tempo o debate estava a todo o vapor.
Entretanto, não dependemos de palavras de adversários, como Celso, ou novelistas, como o autor das pseudo-clementinas, para termos informações sobre a evangelização de lares. Ela é um elemento significativo no próprio Novo Testamento. A casa de Jason, em Tessalônica, foi usada com este propósito (At.17.5), e também a de Tício Justo, localizada propositalmente à frente da sinagoga (com a qual Paulo tinha rompido) em Corinto (At.18.7). A casa de Filipe em Cesaréia parece ter sido um lugar muito hospitaleiro, onde viajantes marítimos como Paulo e seus companheiros eram bem vindos, e também carismáticos como Ágabo (At.21.8). A casa de Lídia e a do carcereiro de Filipos, foram usadas como centros evangelísticos (At.16.15,32-34), e parece que Estéfanas usou sua casa em Corinto da mesma maneira. O próprio Paulo batizou a família dele, sem dúvida depois de alguma instrução sobre os princípios básicos da vida cristã e de uma profissão de fé (1Co.1.16), e ficamos sabendo mais tarde que sua casa era usada "a serviço dos santos" (1Co.16.15). A primeira comunidade cristã se reuniu no andar superior de uma casa particular, da mãe de João Marcos em Jerusalém (At.1.13s; 12.12.67 Não é de admirar que a "igreja no lar" se transformou em fator crucial na difusão da fé cristã.
Fonte: Michael Green – Evangelização na Igreja Primitiva.
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