Jesus
Era um nome comum para um homem judeu. Nove outros com esse nome eram conhecidos naquele tempo. Era a versão grega de três nomes comuns hebreus, Josué, Jehoshua e Jesua. Foi o nome pelo qual Jesus foi conhecido durante a sua vida, e aparece cerca de 600 vezes nos evangelhos. Seu significado era: "O Senhor (Iavé) é o meu ajudador" ou "Iavé salva". Mais tarde os escritores do Novo Testamento utilizaram o nome raramente; apenas o escritor aos Hebreus o utilizou muito. Ele destaca a humanidade de Jesus, como o carpinteiro de Nazaré.
Senhor
Fora dos evangelhos, "Senhor" é o título predominante de Jesus. Paulo o emprega 222 vezes, e "Jesus é Senhor" foi o primeiro credo dos que não eram judeus. Foi usado também na adoração. Todos os deuses antigos eram chamados "Senhor". Até no Antigo Testamento, "Senhor" era lido em lugar de "Iavé ", que era sagrado demais para ser pronunciado. Embora possa ser também usado simplesmente para significar "senhor", expressava sobretudo o governo de Cristo sobre todos, um governo que um dia o mundo inteiro reconheceria: "E toda língua confesse que Cristo Jesus é o Senhor".
Filho do Homem
É um título encontrado quase exclusivamente nos evangelhos, utilizado pelo próprio Jesus. Foi o título que ele mesmo escolheu que a igreja primitiva não absorveu, uma vez que não era fácil de ser compreendido ou transmitido. Seu significado não é tão óbvio como os outros títulos. No Antigo Testamento, pode ser simplesmente uma maneira de dizer "um homem". No livro de Ezequiel, "filho do homem" aparece noventa vezes e enfatiza a frágil humanidade de Ezequiel. Mas foi também utilizado em referência a uma figura divina aparecendo do céu, por quem os judeus cada vez mais esperavam. No livro de Daniel, a visão do profeta descreve tal figura, mas ele também vê o "filho do homem" como um grupo, "os santos do Altíssimo", que reinam apenas depois de sofrer. As palavras de Jesus incluem ambos os aspectos. Ele é humano: "O Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça", e em particular "importava que o Filho do homem sofresse muitas coisas". Mas ele também é divino: "E vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-Poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu". Aparentemente Jesus tomou esse título vago e lhe deu o seu próprio significado, destacando que a sua messianidade envolveria rejeição e morte antes da ressurreição e do retorno final. Foi essa nota de sofrimento ligada à futura glória que diferia tanto das expectativas contemporâneas. Pedro achou difícil aceitá-lo, e isso provocou uma discussão áspera entre eles: "Então (Jesus) começou a ensinar-lhes que importava que o Filho do homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado [...] E Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo [...] Para trás de mim, Satanás!"
Eu Sou
Na sarça ardente, Deus revelou o seu nome pessoal a Moisés como "Eu sou o que sou", ou simplesmente "Eu Sou". No hebraico é "Iavé" (ou Jeová na ortografia mais antiga, imprecisa). No Novo Testamento, particularmente no evangelho de João, encontramos Jesus usando esse título quando falava de si. Ele usou o estilo da divindade: "Eu sou a videira", "Eu sou o pão da vida" e assim por diante. Ele até usou o nome pessoal de Deus para si mesmo pelo menos uma vez: "... antes que Abraão nascesse, eu sou". Seus oponentes judeus entenderam muito bem o que ele queria dizer. Compreensivelmente, tentaram apedrejá-lo pela blasfêmia.
Messias
Era o principal título dado a Jesus pelos cristãos judeus. É uma palavra hebraica que significa "ungido" e equivale ao grego "Cristo". No começo era um título, "o Cristo". Mais tarde tornou-se parte do seu nome: "Jesus Cristo". A unção era um ato simbólico de que Deus havia escolhido uma pessoa e concedido poder a ela, particularmente um rei. No Antigo Testamento crescia o anseio para que Deus transformasse o seu povo em uma nação superior. As vezes eles pensavam em Deus fazendo isso pessoalmente. Com mais frequência, esperavam outro grande rei, como Davi, que seria o seu "Messias". Mais tarde tais esperanças políticas desapareceram, e o anseio foi por uma figura divina vinda diretamente do céu. Muitos reivindicavam ser messias políticos no tempo de Jesus, particularmente na Galiléia. Existia um grupo zelote, do qual o discípulo de Jesus, Simão, era membro. Muitos tentaram forçar Jesus a cumprir esse papel revolucionário. Até mesmo Pedro o entendeu dessa forma, e o próprio Jesus sentiu essa tentação, especialmente quando se viu como cumprimento das variadas tendências das esperanças do Antigo Testamento. O perigo da má interpretação era tal, que Jesus preferiu manter a sua messianidade como um segredo, a não ser que fosse formalmente desafiado.
Filho de Deus
Pode muito bem ser o título mais utilizado, mas é o menos compreendido hoje. Era fundamental para os cristãos primitivos quando declaravam sua crença em Jesus e quando expressavam sua adoração. No Antigo Testamento, os anjos podiam ser chamados filhos de Deus, como também Israel, especialmente o rei de Israel. No Novo Testamento, os cristãos são filhos de Deus. Eles têm o privilégio de chamar Deus de "Aba" — nome familiar mais íntimo, quase "papai". Mas Jesus é o Filho de Deus. Sua filiação é diferente em natureza da de seus discípulos. Assim, Paulo tem o cuidado de dizer que os cristãos são filhos por adoção. E o evangelho de João registra Jesus falando de Deus como "meu Pai e vosso Pai". Desde a infância Jesus tinha consciência desse relacionamento especial com Deus. Sua centralidade para ele destaca-se no seu batismo, na tentação, na transfiguração, no julgamento e morte. Sua maneira normal de falar com Deus era chamá-lo de "Pai", aquele de quem ele dependia e a quem obedecia. Em João, que expõe mais o título, ele expressa um relacionamento íntimo especial. No Filho, o Pai pode ser visto com total clareza: "Quem me vê, vê o Pai".
Filho de Davi
Deus havia prometido a Davi que seu trono seria estabelecido para sempre. Por isso cresceu o anseio pela vinda do "grande filho do grande Davi". Era o tipo do Messias popularmente esperado nos dias de Jesus. Em Mateus, Jesus é chamado "Filho de Davi" seis vezes, principalmente pelas pessoas simples. Mas ele o aceitou apenas uma vez, e então o reinterpretou. Os cristãos primitivos declaravam que Jesus era realmente o Filho de Davi, nascido em Belém, a cidade de Davi.
O Cordeiro
Ê um título de Jesus pouco usado no Novo Testamento, mas muito usado pela igreja desde então! O cordeiro era um animal para o sacrifício, especialmente para a Páscoa, quando o sangue de um cordeiro macho, jovem, imaculado salvara o povo de Deus da morte. Filipe, Pedro, Paulo, João Batista e principalmente João, o apóstolo, viram Jesus assim, especialmente em sua morte. Eles particularmente o viram à luz de uma frase do 'hino do servo" de Isaías, que apresenta o servo "como um cordeiro que é levado para o matadouro". O livro do Apocalipse utiliza uma palavra grega diferente e um novo conjunto de idéias. Jesus é um cordeiro de poder e autoridade, para ser adorado e temido.
Fonte: Robin Keeley - Fundamentos da Teologia Cristã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário