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HÁ MILAGRES HOJE? – Rubens Alves.

Damos a palavra ao Dr. Piper: Quer-me parecer que a razão de pensarem tantos crentes, hoje haverem cessado os milagres do NT, está nas idéias erradas que o homem moderno tem do que seja um milagre. Primeiramente, como resultado de suas idéias sobre realidade, ele espera que os milagres ocorram com a mesma frequências dos fatos ordinários da natureza, quando no NT, os milagres são descritos como aconteci­mentos excepcionais. Nem todos os enfermos do tempo de Jesus foram curados por Ele, nem Ele andou diariamente sobre as águas do Tiberíades. Sua ressurreição é fato distinto, único sem paralelo, até o último e grande Dia. Por causa dessa relativa escassez dos milagres, o homem moderno inclina-se a depreciar a narrativa de um fato miraculoso, aconteça onde acontecer, visto como não é de sua experiência, fatos semelhantes em sua vida. Em segundo lugar, a maioria das pessoas que pensa que as circunstâncias que cercam um milagre devem ser emocionantes, espa­lhafatosas, o NT descreve como perfeitamente naturais. Jesus cura, to­cando o doente com a mão, salivando os olhos de um cego, dizendo uma palavra, etc., similarmente a qualquer outro homem. O milagre con­siste no acontecimento de coisas que, normalmente não acontecem, por exemplo, uma doença incurável que é debelada, famintos que são ali­mentados com uma porção mínima de suprimento, etc. Qualquer pes­soa que queira ver, descobrirá milagres em sua própria vida e em seu derredor. Em terceiro lugar, o homem moderno julga que, por explicar um fato, prova seu caráter “natural”, isto é, não miraculoso. Entretanto, comumente esquece que a explicação apresentada, mostra apenas que o fato miraculoso teve antecedentes naturais enquanto que a significação ou valor desse fato está em sua teleologia. O milagre tem uma finalidade, que “normalmente” não é alcançada por uma série de tais antecedentes. (Otto A. Pipper, apud Norte Evangélico, abril de 1957).

As ponderações que aqui ficam, sensatas como são, não contrari­am a experiência ou a Bíblia, mas devemos acrescentar, pelo menos, que a frequência dos milagres está em função das épocas da revelação. As grandes eras de milagre são também eras de revelação. Diz Strong, com razão, que o objetivo do milagre é, ordinariamente, atestar a revelação, credenciando seu mensageiro. As grandes épocas de milagre, represen­tadas por Moisés, pelos profetas, por Cristo — em sua primeira, como segunda vinda — coincidem com o propósito acima referidos. É de se esperar que na consumação dos tempos, a operação de maravilhas e de milagres, tenha lugar em maior proporção. As potências do mal, aliás, apresentam uma virulência maior quando Deus inicia nova fase de sua atividade. Concluímos que pode haver milagre em qualquer tempo, mas que a proporção não é a mesma para todos os, tempos.

Fonte: Antologia Teológica - Julio Andrade Ferreira.

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