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Requisitos Qualitativos Para o Estudo da Teologia.

Na sua Introduction to Christian Theology, páginas 25-33, o doutor Henry B. Smith faz excelentes considerações a respeito do “espírito que deve animar o verdadeiro estudante de teologia”. 
A primeira de tais qualidades necessárias é que o estudante deve ter inclinação espiritual. Isto não quer dizer mero conhecimento abstrato acerca das coisas espirituais, nem mero sentimento geral de boa vontade, mas disposição ou inclinação espiritual que, na sua natureza mais íntima, é uma expressão da realidade do reino de Deus centralizada na pessoa e obra de Jesus Cristo. É uma inclinação espiritual resultante do contato pessoal e vital com Deus.
A segunda das características que deve possuir o estudante sincero de teologia é o espírito de humildade reverente. “Tal humildade”, diz Smith, “não deve confundir-se com a subserviência ao dogmatismo; isto não é sinal de espírito humilde, mas de acomodatício. É, sem dúvida, o oposto da suficiência própria. Não pode ser verdadeiro estudioso de teologia quem não seja possuido de humildade e reverência, quem não seja um investigador humilde diante dos mistérios da encarnação e da expiação, quem não sinta e saiba que, nestes grandes fatos, há alguma coisa que o compele a tirar os sapatos, quem não tenha a convicção de que está pisando terreno santo” .
A terceira característica do investigador teológico deve ser amor sincero à verdade, em si mesma. “O que se diz da virtude, diga-se também da verdade; ambas são boas em si e por si, devendo ser amadas e buscadas por seu próprio mérito. Muitos amam a verdade por causa do seu interesse, outros por causa da Igreja; a maior parte da humanidade, talvez, por ambição pessoal; outros porque não podem ou não querem renunciar ao que aprenderam; mas o pregador deve amar e pregar a verdade porque é a verdade”.
Uma quarta qualidade que o estudante de teologia deve possuir é o espírito de confiança. Isto é, a crença de que, sob a iluminação do Espírito de Deus, pode encontrar-se a verdade, que é a substância da teologia. “E como a iluminação desse Espírito é prometida e concedida a todos os que se entregam à Sua direção, devem ter confiança de que chegarão a saber, se são fiéis, tudo o que for preciso para que possam realizar a obra do seu Mestre aqui na terra” .
O estudante de teologia deve também ter zelo profissional pelo seu trabalho. Isto é particularmente verdadeiro daqueles que são chamados ao ministério cristão. Tal estudante “deve sentir e viver, dia após dia, semana após semana, como se a teologia fosse o seu próprio e mais precioso trabalho, dando-lhe o melhor do seu tempo, das suas faculdades, e do seu labor paciente”.
Aos requisitos acima mencionados, tão habilmente apresentados pelo doutor Smith, podem ser acrescentados os seguintes: Primeiro, um conhecimento adequado da Bíblia, a Palavra de Deus. “A exegese precede a teologia e a obra da teologia sistemática deve ser precedida pelo estudo da teologia bíblica, ou o estudo sistemático dos conteúdos doutrinais da Bíblia” (Clarke, Outlines of Christian Theology, páginas 5-6). Nada pode substituir o conhecimento adequado e pessoal do que a própria Bíblia ensina com relação à doutrina. A fim de certificar-se do significado das Escrituras, o conhecimento dos idiomas originais é de muito valor, especialmente do grego. Segundo, ampla compreensão de outros campos do conhecimento oferece muita ajuda no estudo da teologia cristã. Isto é particularmente verdadeiro no que se refere à filosofia, à história, à religião e à psicologia, que estão mais intimamente ligadas ao estudo da teologia. Terceiro,aquelas características mentais que podem resumir-se no conceito de uma “mente disciplinada” são de inestimável valor para o estudante de teologia. Referindo-se a esta classe de mente o doutor A. H. Strong,eminente teólogo batista, diz: “Só uma mente como esta pode reunir pacientemente os fatos, manter em foco simultaneamente a muitos, deduzir os princípios que os ligam por meio do raciocínio contínuo e deter o juízo até que as suas conclusões sejam provadas pela Escritura e pela experiência” (Strong, Systematic Theology, Vol. I, p. 38). Tal espécie de mente distingue-se pela firmeza e decisão em rejeitar preconceitos quando a sua verdadeira natureza se torna evidente. Prova todas as coisas e retém o que é bom; abraça as verdades intuitivas assim como as que se adquirem pela lógica e pela razão. É uma mente que não está escravizada ao processo racional, mas que possui intuição espiritual assim como entendimento mental.

Fonte: Introdução À Teologia Cristã - Henry Orton Wiley / Paul T Culbertson.

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