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A Provisão da Salvação.

Em ambos os Testamentos, Deus é retratado principalmente como “o Deus que salva” (SI 68.20). Seu “Reino” é sua soberania salvadora eterna (SI 145.13; Ap 11.15), envolvendo tanto seu ato salvador como regente quanto o domínio onde se exerce esse governo salvador.

A essência dos dois Testamentos é o anúncio de que a salvação foi oferecida por Deus: no primeiro, no êxodo (Dt 6.21-23), que trouxe libertação física; no segundo, na cruz (Cl 1.19- 20), que trouxe emancipação espiritual.

No Antigo Testamento.

Vários meios foram usados para alcançar a salvação, alguns impessoais, como a coluna de nuvem e o redemoinho no mar Vermelho (Êx 14.19-21), e alguns pessoais, como com Gideão (Jz 6—8) e Ester (Et 4—7). Mas, seja qual for o meio, Deus, e Deus somente, é quem traz a salvação (2Cr 20.17; Os 1.7). “Eu, eu mesmo, sou o Senhor, e além de mim não há salvador algum” (Is43.11). Quando o povo de Deus enfrentava adversidade, a confiança no poder militar ou artifício humano era enganador; o caminho da verdadeira sabedoria era dependência exclusiva de “Deus, nosso Salvador” (SI 79.9; cf Pv21.31). Foi Deus quem levantou Moisés (SI 105.26) e os juízes (Jz 2.18) para livrar seu povo.

O principal exemplo da intervenção de Deus para salvar, sua salvação, foi o êxodo, quando “o Senhor salvou Israel das mãos dos egípcios” (Êx 14.30; cf. 14.13; 15.2) e fez aliança com a recém-constituída nação (Êx 19.1—20.17; Os 11.1), acontecimento que marcou a origem de uma teocracia (SI 114.1,2). A aliança uniu as duas partes não só num relacionamento contratual, mas também em comunhão; Deus prometeu estar presente entre seu povo (Êx29.45,46; Lv 26.12). Em certa perspectiva, o restante do AT é um relato dos desvios dos israelitas dos termos da aliança (Ne 9.9-31; SI 78.12-64; Jr 7.21-26) e das exortações proféticas para retornar ao Senhor e à sua aliança (Jr 11.1-8), exortações que muitas vezes provocaram renovação da aliança e reforma religiosa.

Uma das descrições mais características de Deus no AT é “Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão” (Êx20.2; Dt 5.6; cf Êx 29.46; Lv 26.13). Fora do Pentateuco, descrições como essa se encontram nos Livros Históricos (Jz6.8; 2Cr 7.22), em Salmos (81.10) e nos Profetas (Jr 34.13; Dn 9.15). Esse ato significativo de salvação, demonstração miraculosa do poder de Deus (Ne 9.10,11), tornou-se o modelo para libertações futuras do povo de Deus. Nesses termos, o retorno do exílio da Babilônia, um segundo cativeiro egípcio, foi visto como outro êxodo realizado por Deus (Is 43.14-21; 52.9; Jr 16.14,15; Os 2.14-16).

No Novo Testamento.

Há dois elementos crucialmente distintos no conceito de salvação do NT. Primeiro, enquanto anteriormente poderia se dizer que Deus traz “salvação sobre a terra” (SI 74.12; cf. Ex 14.13), agora pode-se dizer que “A salvação pertence ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro” (Ap7.10; cf. 1Ts 5.9; 2Tm 2.10). Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus (Jo 1.29), veio à terra para trazer salvação (Tt 2.11), isto é, “para salvar os pecadores” (ITm 1.15), “buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19.10). Como “autor da salvação deles” (Hb 2.10; cf. 7.25), ele é o Salvador (Mt 1.21; Lc 2.11) em quem o povo deve crer para ser salvo (Jo 14.6; At 4.12). O título “nosso Salvador” é usado em todos os capítulos de Tito, primeiro em referência a Deus (Tt 1.3; 2.10; 3.4), depois, logo em seguida, em referência a Jesus (Tt 1.4; 2.13; 3.6), o que serve como forte testemunho da divindade desse Salvador.

Segundo,os benefícios da salvação obtidos por Cristo são aplicados aos cristãos individualmente pelo Espírito Santo, o substituto perfeito de Jesus (Jo 14.16-18), o Espírito do Filho de Deus (G1 4.6). No pensamento judaico, a nova era, a era futura, seria marcada pela dádiva do Espírito (Ez 11.19; 36.26,27). A “promessa de meu Pai” (Lc 24.49; At 1.4) foi cumprida no dia de Pentecoste quando Deus derramou seu Espírito para habitar permanentemente em todas as pessoas sem distinção, jovem e velho, homem e mulher (At 2.17-21, citando J1 2.28-32).

Fonte: M. J. Harris - Novo Dicionário de Teologia Bíblica.

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