O
que distingue o Arminianismo em relação à doutrina do pecado é principalmente a
questão do pecado original.
Quanto
aos outros aspectos da doutrina do pecado, os arminianos concordam, em geral,
em o ponto de vista das outras igrejas reformadas. O ponto de vista arminiano
ou Remonstrante é apresentado por Episcopais em sua Confissão ou Declaração
(Confessio sive Declaratio Remonstrantium). É explicada posteriormente em sua
Apologia (Apologia pro Confessione).
As
duas obras não parecem harmonizar-se completamente.
A
confissão diz: Adão transgrediu a lei de Deus.
“Por
esta transgressão o homem ficou sujeito à morte eterna e a múltiplas
misérias... haja visto Adão ser o tronco e a raiz de toda a raça, ele envolveu
toda a sua posteridade na mesma morte e miséria e comprometeu-os a todos, envolvendo-os
consigo mesmo, de modo que todos os homens indiscriminadamente, exceto Jesus Cristo,
por esse único pecado de Adão, ficaram privados da primitiva felicidade e
perderam a retidão que é necessária, para a obtenção da vida eterna, e assim
nascem mesmo agora expostas àquela morte que mencionamos e a múltiplas
misérias.”
“E
isto é comumente denominado pecado original, com respeito ao qual devemos
manter, entretanto, a doutrina de que o benevolentíssimo Deus proveu para todos
um remédio para esse mal geral que derivamos de Adão, remédio livre e gratuito,
em seu amado Filho Jesus Cristo”
“É
bem claro, portanto, que cometeram erro nocivo os que se acostumaram a
encontrar nesse pecado o decreto de absoluta reprovação inventado por eles
mesmos.”
Se
podemos entender essa linguagem no seu sentido aparente é óbvio, é claro que
nela se ensina que o pecado original passou a todos os homens, mediante
propagação natural e que envolveu todos os homens na pena de morte eterna.
E
se entendermos também a referência feita à redenção, verificaremos que o ensino
é que a expiação cancelou de uma vez, em grosso modo, por assim dizer, toda a
culpa racial do pecado original, deixando o homem sujeito apenas à penalidade
das transgressões que ele mesmo cometeu.
Na
“Apologia”, entretanto, que é a defesa e explicação da “Confissão”, feita
posteriormente por Episcopius, afirma-se que o pecado original não deve ser
considerado verdadeira e propriamente como pecado.
Diz
a Apologia: “Os Remonstrantes não consideram o pecado original como pecado
propriamente dito, que torne a posteridade de Adão merecedora da ira de Deus,
mas o consideram como um mal, enfermidade, dano, ou outro qualificativo
qualquer que se lhe queira dar, o qual se propagou à posteridade de Adão por
ter ele ficado destituído da retidão original. Daí resulta que todos os
descendentes de Adão, destituídos dessa mesma retidão, são completamente
incapazes de atingir a vida eterna, a não ser que Deus, pela sua nova graça, vá
adiante deles e lhes restaure e supra nova força, por meio da qual possam
alcançar a vida.
Mas
esse pecado original não constitui mal senão no sentido acima mencionado. É
claro que não constitui mal no sentido de envolver culpa e merecimento de
castigo, Não constitui mal no sentido de envolver culpa, porque nascer é um
fato confessadamente involuntário e consequentemente, é um fato involuntário
nascer com esta ou aquela mancha, enfermidade, dano ou mal.
Mas
se não é mal no sentido de envolver culpa então não pode ser mal no sentido de
merecer castigo, porque culpa e castigo são correlatos. “Portanto, até onde o
pecado original for um mal, deve sê-lo no sentido em que os Remonstrantes,
definem o termo; e a designação que se lhe dá de pecado original constituí um
uso impróprio da palavra pecado.”
Sumário dos pontos
especiais do velho Arminianismo.
(a)
O pecado original não ê propriamente pecado e não condena à morte eterna.
(b)
A culpa de Adão era individual e não era imputável à posteridade.
(c)
O homem tomou-se, pela queda, herdeiro de uma natureza má, o que constitui
infortúnio, mas não implica em culpa.
(d)
Este mal ataca a natureza física e intelectual do homem, mas não a sua volição.
Dá ocasião às transgressões, mas não merece pena ou condenação.
Fonte: Compêndio de Teologia Sistemática - David S. Clark.
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