Porque
o homem tem a faculdade de escolher, é considerado responsável pelo que faz.
Quando ele cometeu o primeiro pecado, Deus chamou-o, dizendo — “Onde estás?”
(Gn 3:9). Quando Eva compareceu à presença do Senhor, Ele perguntou-lhe, “Que é
isso que fizeste?” (Gn 3:13).
Deus
não fez essas perguntas para ser informado, porque sabia o que Adão e Eva
haviam feito, mas estes precisavam responder pelos atos que haviam praticado.
Precisavam reconhecer que tinham desobedecido ao mandamento divino. Foi o mesmo
que Deus dizer, “Vocês lavrem sua própria sentença. Vocês admitem o malfeito
que praticaram e por ele se responsabilizam”.
Quando
Caim matou Abel, diz a Bíblia que Deus o enfrentou, perguntando, “Onde está
Abel, teu irmão?” (Gn 4:9). É claro que Deus sabia onde se encontrava Abel,
visto como continuou dizendo, “A voz do sangue de teu irmão clama da terra a
mim” (Gn 4:10). Caim foi chamado à ordem para reconhecer seu feito e seu pecado
perante Deus. O Senhor criou o homem à Sua imagem, deu-lhe a faculdade de
escolha, e julga-o responsável por seus atos.
Responsável é
aquele que responde. O homem obriga-se a responder a Deus pelo que faz,
porque não é o senhor da criação. Não é senhor nem de si mesmo. O Senhor é Deus
e o homem é Sua criatura. Deus criou o mundo em que o homem vive; o homem vive
sob as vistas ou a supervisão do Senhor.
O
homem depende de Deus, o Criador, em tudo. O corpo que tem lhe foi dado; o mundo
em que vive, também. O ar que respira, a água que bebe, a vida e a força que
tem — tudo lhe foi dado. As circunstâncias em que vive, o Sol que o alumia, as
chuvas que caem, o povo que no mundo existe — tudo são dádivas de Deus. O homem
não podia fazê-los; não podia consegui-los para si. Toda a situação em que o
homem vive foi preparada para ele.
Sendo
esta a situação do homem, a depender de Deus em tudo, é responsável perante Ele
pelo que faz em tais circunstâncias. Muita coisa é colocada ao seu alcance. De
tudo quanto o cerca pode escolher aquilo que lhe convenha. Pode escolher o de
que precisa. Não tem liberdade, entretanto, de tomar tudo quanto está colocado
ao seu alcance. Deus quer que ele se domine. O homem pode exercer seu livre
arbítrio e tomar certas decisões; e Deus ainda tem certas coisas em mente que deseja
que sejam feitas pelo homem. Estes não é deixado solto para fazer como lhe
apraz. Pelo contrário, cumpre-lhe viver neste mundo reconhecendo sua responsabilidade
para com Deus, visto como o Senhor lhe pedirá contas dos seus atos.
Diz
a Bíblia que a árvore do conhecimento do bem e do mal estava ao alcance da mão.
Foi dito ao homem que não comesse do fruto dessa árvore. Foi avisado que, no
dia em que o fizesse, morreria. E é assim que Deus enfrenta o homem, dando-lhe
a escolher a obediência ou a desobediência. Coloca todas as coisas ao alcance dele.
Depois chama uma coisa pelo nome — aponta para ela — e diz, “Isto aqui não”.
Deixa porem essa coisa ao alcance do homem. Este é desafiado a exercer domínio
próprio neste particular, visto como é responsável perante Deus. O Senhor quer
que Lhe prestemos contas de tudo quanto fazemos.
Ilustremos
com o Dia de Descanso. Deus disse, “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar”.
(Ex 20:8). O homem não devia trabalhar nesse dia. Uma vez que Deus lhe dava
seis dias para trabalhar, devia abster-se de todo trabalho no sétimo dia. Era
um mandamento para ser cumprido. O homem tinha liberdade de escolher o que ia
fazer no sábado. Mas se queria gozar do favor divino, faria seu trabalho em seis
dias e descansaria no sétimo. O homem é livre, e não obstante é responsável.
Como Paulo diz, “Cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm 14:12).
O
homem, no gozo de sua liberdade, faz suas escolhas. Pode resolver ir à igreja
ou não ir. Pode resolver 1er a Bíblia ou não 1er. Pode resolver orar ou não
orar. Pode resolver confiar em Deus ou não confiar. Exercerá sua faculdade de
escolha como achar que lhe convém, e fará o que decidir fazer. Nunca deve
esquecer que Deus continua a perguntar o que perguntou aos nossos primeiros
pais, “Que é isso que fizeste?”.
Deus
é o Juiz de toda a terra; é o Juiz de todo o gênero humano. É Ele quem julga a
conduta do homem e lhe fixa as penalidades. Mais do que isso, Ele é quem manda
o homem ficar ciente do que faz. Quer que o homem se aperceba do que faz; por
conseguinte, coloca sobre ele a responsabilidade de responder pelo que faz. O homem,
no gozo de liberdade, faz sua escolha; e Deus, com justiça, ajuíza da ação dele.
Deus apela ao homem para que avalie e julgue suas obras. Se foi desobediente à
vontade de Deus, importa que reconheça seu pecado e deste se arrependa.
Em toda
a Bíblia repete-se esta verdade muitas vezes; e verificamos que ela se aplica a
nós outros. Não podemos fugir à responsabilidade do que fazemos pelo fato de
havermos exercido determinada escolha. Fizemos o que fizemos porque quisemos
fazer. Deus vai perguntar, “Que é isso que fizeste?” e o homem tem de lavrar
sua própria sentença, se vai responder.
Por
meio de confissão, Deus nos leva a sentir nossa responsabilidade
perante Ele. O apelo de Deus ao homem, para que preste contas do que faz, trará
ao seu coração e à sua mente o sentimento de seu malfeito, porque então o homem
sente isso na presença de Deus. Neste particular, há no homem uma tendência
para mentir a respeito do que faz.
Simpatizamos
com as crianças, quando têm de dois para três anos — já capazes de responder
pelo que fazem — ao lhes ser perguntado pelos pais com toda a franqueza, “Você fez
isto? Você fez aquilo?” Os pobrezinhos são tentados a evadir-se da dificuldade.
Sua imaginação rápida inclina-se a inventar uma saída, um meio de “escapar ao
anzol”. Suponha-se que uma menina é surpreendida pelo pai a mexer em objetos num
quarto da casa. O pai lhe pergunta, “Sua mãe permitiu que você mexesse nisto?”
A menina é terrivelmente tentada a dizer “Sim”. Se o diz, o pai provavelmente a
deixa de mão. Se, no entanto, ela prega uma mentira, expõe-se às consequências
do seu ato quando se descobrir a verdade.
Os
pais apercebam-se do seguinte — as crianças vão ter ocasião de experimentar alguém com
mentiras. Vão ter de procurar saber se vale a pena, como parece. Em muitos
casos, parecer-lhes-á um meio de se saírem bem. Numa Escola Dominical
perguntaram a um garoto o que era mentira. Depois de pensar um pouco, respondeu,
“A mentira é uma abominação para Deus, mas é um refúgio bem presente numa
tempestade”. Todos podemos entender o que ele queria dizer, porque todos nós
temos sido tentados a fundear nesse porto uma ou outra vez.
Deus
vai perguntar, “Que é isso que fizeste?” Basicamente, o homem deve obedecer a
Deus. Ele é por tal forma constituído que lhe cumpre corresponder ao mundo
natural que o cerca. Aprende a admitir os fatos intrincados da vida. Não vai se
meter a dar cabeçadas nas paredes, nem a atravessar fogueiras. Reconhece que as
coisas são o que são mesmo.
O
homem precisa ser realista em suas responsabilidades para com Deus. Cumpre-lhe
obedecer à vontade do Senhor e realizar os Seus propósitos. De outro modo não
lhe será possível desempenhar seu papel de criatura feita à imagem de Deus.
Fonte: Manual de Doutrina -
Manford G. Gutzke.
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