Devemos
reconhecer a restrição das Escrituras ao tratar das doutrinas concernentes às
últimas coisas. E devemos lembrar que a linguagem é grandemente figurada,
especialmente ao retratar os estados finais: inferno e céu. Não obstante, essa
linguagem figurada tem um grande peso de verdade. É de magno interesse notar
que a maior parte do ensino do Novo Testamento concernente ao inferno acha-se
nas palavras de Jesus. O compassivo Salvador ansiosamente advertiu os homens
relativamente ao futuro castigo eterno. E é tendo em vista seu espírito de procurar
salvar os homens que devemos encarar este penoso assunto.
1. Um estado.
O
inferno é um estado. Isto pode ser visto melhor sob dois ângulos. Em primeiro lugar, é um estado da mais
completa depravação moral. O inferno é a culminação do egoísmo e o clímax da
rebelião e da anarquia, a mais completa ceifa de pecado, com toda a sua
poluição, corrupção e morte. O pecado continuará no ambiente que o demônio, os
anjos maus e as almas pecadoras produzirem. Em
segundo lugar, o inferno é um estado de sofrimento e punição. O que
significam exatamente “fogo e enxofre” na descrição bíblica é difícil de
entender e explicar. Mas o certo é que expressam a terrível verdade de que as
almas ímpias sofrerão terrivelmente por causa dos seus pecados — sofrimento que
vai além do que a língua humana possa descrever. Serão todos punidos na mesma
medida? Não, pois que haverá graus de punição para os ímpios. A punição será de
acordo com o conhecimento dos culpados. “E o servo que soube a vontade do seu
Senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos
açoites; mas o que a não soube e fez coisas dignas de açoites, com poucos
açoites será castigado” (Lucas 12:47, 48).
2. Um lugar.
A
sudeste de Jerusalém havia um vale onde por longo tempo o ídolo Moloque era
adorado. Crianças inocentes eram postas nos braços abrasados do ídolo, até
serem consumidas. Por causa dos seus gritos, o vale veio a ser conhecido como o
Vale da Lamentação ou o Vale de Hinom. Aqueles horríveis sacrifícios foram
abolidos por Josias (II Reis 23:10), mas os judeus abominavam de tal modo o
lugar que lançavam nele toda sorte de refugos, corpos mortos de animais e de
criminosos que tinham sido executados. Era necessário fogo constante para
consumir os corpos mortos e assim o lugar chegou a ser chamado “Geena de Fogo”.
E é esta palavra “Geena” que o Novo Testamento usa para descrever o lugar de
punição destinado aos maus após a morte. Indica um lugar que é tão real como
aquele vale fora da cidade de Jerusalém. O inferno como um lugar é uma parte
necessária da explanação do soberano controle de Deus sobre o universo. Deve
existir harmonia no reino de Deus. Isto significa submissão voluntária à
vontade de Deus em todas as coisas. Para aqueles que se negam a obedecer-lhe,
um lugar fora do reino devia ser reservado. Há duas razões para isso. Uma é que
Deus não força o homem a obedecer-lhe. E a outra é que toda alma é imortal.
Desde que Deus não pode, segundo o seu propósito, e não quer aniquilar as almas
ímpias nem quer forçá-las a lhe obedecerem, devia haver um lugar próprio para
os que preferissem viver na esfera do pecado. Esse lugar é o inferno.
3. Punição eterna.
No
Vale de Geena, os corpos eram queimados e consumidos. A fim de evitar que se
pensasse que os ímpios no inferno logo seriam consumidos, Jesus empregou a
frase “tormento eterno” (Mat. 25:46). E disse também que naquele lugar “o seu bicho
não morre” (Marcos 9:48). Alguns indagam: se eles se arrependerem, quando em
tormentos, Deus lhes perdoará e os salvará daquele lugar? A resposta é que eles
não se arrependerão. Isto sabemos, porque a sua vontade será confirmada nos
seus pecados e não se inclinarão a pensar em como a sua maldade afeta a Deus. O
arrependimento vem como resultado da obra do Espírito de Deus. Se eles se
rebelam contra o seu Espírito aqui, não se arrependerão sem o seu auxílio lá.
Fonte: Nossas Doutrinas - H.W.
Tribble.
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