Vozes do Pentecoste: Charles Finney.

“Eu literalmente pus para fora os gemidos inexprimíveis do meu coração. ”

Conhecido como o “pai do reavivalismo moderno” e “o primeiro evangelista profissional”, Charles Grandison Finney (1792-1875) nasceu em Warren, Connecticut. Na juventude, Finney tinha o desejo de se tornar advogado e, aos 20 anos, frequentou a Warren Academy em preparação para os posteriores estudos de direito no Yale College. Em 1818, mudou-se para Nova York e começou a trabalhar para um juiz e a disputar vários casos nos tribunais de justiça locais.

Após sua dramática conversão a Cristo em 1821, afirmou que tinha recebido um “adiantamento do Senhor Jesus Cristo para defender sua causa”. Ele imediatamente mudou de rumo quando começou a estudar Teologia, e foi licenciado para pregar em 1823; um ano mais tarde, foi ordenado na Igreja presbiteriana. Mais tarde, como congregacional, pastoreou o Tabernáculo da Broadway na cidade de Nova York e passou a pregar uma mensagem inflamada de cunho missionário em muitas cidades no Nordeste.

Depois de ir para o Oberlin College, em 1835, Finney e o presidente da faculdade Asa Mahn desenvolveram a “teologia de Oberlin”, que pressagiou os posteriores movimentos pentecostais Higher life [vida santa]. O testemunho de conversão, em 1821, de Finney incluía o que ele chamava de “poderoso batismo do Espírito Santo”. Os pentecostais sempre destacaram a frase: “Eu literalmente pus para fora os gemidos inexprimíveis do meu coração”, como possível alusão ao falar em línguas. Em suas próprias palavras, o testemunho de Finney.

Não havia nenhum fogo e nenhuma luz na sala; apesar disso, parecia perfeitamente iluminada. Quando entrei e fechei a porta, era como se eu tivesse encontrado o Senhor Jesus Cristo face a face. Não passou pela minha cabeça naquele instante, nem depois, que aquilo fosse totalmente um estado de espírito. Pelo contrário, para mim eu o via como a qualquer outra pessoa.

Ele não disse nada, mas olhou para mim de tal modo que me quebrantou da cabeça aos pés. Desde então, considero isso como o mais extraordinário estado de espírito; pois a mim era como se fosse realidade, que ele estava em pé diante de mim, e eu me prostrei a seus pés e desabafei para ele. Chorei como uma criança e fiz tantas confissões quanto pude com minha voz sufocada. Parecia que eu lavava seus pés com minhas lágrimas; e não tive impressão de que eu o tocava, não que me lembre.

Devo ter continuado nesse estado por um bom tempo, mas minha mente estava de tal modo absorvida com o encontro que não sou capaz de me lembrar de qualquer outra coisa que eu disse. Mas eu sei, tão logo minha mente se acalmou para finalizar o encontro, que voltei para a sala da frente e descobri que a fogueira que tinha feito com grandes pedaços de madeira estava quase se apagando. Mas, quando me virei e estava para me sentar perto do fogo da lareira, recebi um poderoso batismo do Espírito Santo.

Sem esperar por ele, sem jamais ter pensado que houvesse tal coisa para mim, sem nenhuma lembrança de que eu tivesse ouvido a menção daquilo da boca de qualquer pessoa no mundo, o Santo Espírito desceu sobre mim de tal modo que parecia passar por mim, corpo e alma. Pude sentir, como uma onda de eletricidade me atravessando completamente. De fato, parecia vir em ondas e ondas de amor fluido, pois não conseguia expressá-lo de outro jeito. Parecia a própria respiração de Deus. Posso lembrar claramente que parecia me abanar, como asas imensas.

Não há palavras que possam expressar o maravilhoso amor que foi derramado no meu coração. Chorei copiosamente de alegria e amor; eu não sei, mas devo dizer que literalmente pus para fora os gemidos inexprimíveis do meu coração. Essas ondas vieram sobre mim, sobre mim, sobre mim, uma após outra, até que me lembrei de que gritei: “Eu morrerei se essas ondas continuarem a passar sobre mim”. Eu disse: “Senhor, não posso mais suportar”; ainda que não tivesse medo da morte. Por quanto tempo continuei nesse estado, com esse batismo passando continuamente sobre mim e por mim, não sei.

Depois de seu “batismo do Espírito Santo”, Finney viu resultados extraordinários em sua pregação. Num culto de reavivamento na cidade de Sodom, Nova York, ele descreveu a cena quando “o poder do alto” caiu durante a reunião.

O poder do alto desceu sobre eles numa torrente que caíram de seus assentos em todas as direções. Em menos de um minuto, quase toda a congregação estava de joelhos, ou prostrada como o rosto no chão ou em alguma outra posição diante de Deus. Todos estavam chorando e gemendo por misericórdia sobre sua própria vida. Eles não prestaram mais atenção em mim ou em minha pregação. Tentei chamar a atenção deles, mas não consegui [...].

Fonte: Vozes do Pentecoste - Vinson Synan.