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AS INSTITUIÇÕES DO JUDAÍSMO: O TEMPLO.



Para os judeus, o Templo era o único lugar em que Jeová podia ser adorado de modo real e conveniente. É verdade que havia louvor e adoração no lar e na sinagoga, e, sem dúvida alguma, muitas almas devotas, de temperamento místico, mantinham comunhão com Deus em devoções particulares, entretanto, a adoração no sentido rigoroso como a concebia o judeu só era possível no Templo. Daí ocupar este um lugar insubstituível na religião do judaísmo.

1. O Templo, em cujos átrios andou e ensinou o nosso Salvador, era um belíssimo edifício, uma das obras arquitetônicas mais imponentes que já produziu o engenho humano. Fora da cidade imperial não existia em todo o Império Romano edifício maior. Tivera início com Herodes em 20 a.C. e ainda se achava em construção durante o ministério de Jesus. Nele prosseguiram as obras durante quarenta e seis anos, depois seguiram vários melhoramentos, assim como os últimos retoques feitos aqui e acolá até sua conclusão no ano 64 d .C ., exatamente seis anos antes que fosse destruído por Tito, para nunca mais tornar a ser reconstruído.
O Templo de Herodes era de forma oblonga irregular, mais largo ao norte que ao sul. Situava-se sobre o monte Moriá, elevação existente no lado mais baixo, ou seja, lado oriental da cidade de Jerusalém. A área toda era fortificada por uma muralha atravessada por vários portões, cujo número exato ainda desconhecemos. Havia, pelo menos, cinco: quatro no lado oeste e um ao sul, com mais três possivelmente — um adicional ao sul, outro ao norte, e outro a leste. A entrada principal e a mais bem construída achava-se no portão sul, a oeste. Por este portão, entrava-se primeiro no Átrio dos Gentios, assim chamado por permitir-se ali a permanência dos gentios. Era ricamente adornado de pórticos e colunatas enormes, estando o Pórtico Real ao sul e o Pórtico de Salomão ao leste. Pórticos semelhantes debruavam os lados norte e oeste, todos providos de colunas gigantescas. Numa elevação pouco acima do Átrio dos Gentios e cercado por meia parede de mármore, de quatro ou cinco pés de altura, achava-se o Santuário. Os gentios não podiam de modo algum avançar para dentro de seus limites, embora lhes fosse permitido apresentar a Jeová suas dádivas e ofertas por intermédio dos ministrantes do Templo. Nove portões davam acesso a esse átrio interior: quatro ao sul, quatro ao norte e um a leste — a Porta Formosa (Atos 3:2), a mais suntuosa entrada para o Templo e por onde penetrava a maioria dos adoradores. O comprimento do Santuário estendia-se de leste a oeste. Principiando na Porta Formosa, ao leste, e dirigindo-se para o oeste, encontravam-se, em primeiro lugar, o Átrio das Mulheres, assim chamado porque ali tinham permissão as mulheres judias para entrar, mas não podiam ir adiante. Em seguida, vinha o Átrio de Israel, no qual podia penetrar qualquer macho israelita, desde que houvesse atingido a idade adequada e estivesse quite com os preceitos rigorosos da purificação. Por meio de uma baixa barreira de dezoito polegadas mais ou menos, separava-se do Átrio dos Sacerdotes, o qual se situava por diante e ao redor do Templo próprio. Por diante deste átrio encontramos o altar dos holocaustos, onde diariamente ministravam os sacerdotes.
O Templo sobressaía de tudo quanto havia ao redor, em sua belíssima construção de mármore branco, dotado de adornos preciosíssimos e provido de instrumentos sagrados de adoração. No Santo Lugar encontravam-se o altar do incenso, uma mesa para os pães da proposição e os sete castiçais de ouro. Por diante do Santo dos Santos, pendia uma cortina ricamente bordada, conhecida no Novo Testamento como o “véu do Templo” (Mat. 27:51). Não havia ali mobília de espécie alguma a não ser uma pedra larga sobre a qual o sumo sacerdote colocava o incensário dourado quando ali entrava uma vez ao ano, no Dia da Expiação. Nenhum outro pé humano podia jamais pisar aquele lugar sagrado.

2. O culto no Templo dos judeus era realizado todos os dias do ano. Neste culto diário, o aspecto mais proeminente, e, sem dúvida, o mais importante, era o sacrifício oferecido pelo povo em seu todo. Tinha lugar pela manhã e à tarde, e constava de um cordeiro macho, com um ano de idade, sem defeito de qualquer espécie, e acompanhado de “holocausto”, “oblação”, queima de incenso, música vocal e instrumental pelos sacerdotes e levitas e orações do povo. Os sacerdotes passavam o dia em atividade, oficiando no grande número de sacrifícios para os indivíduos que procuravam cumprir os vários requisitos da Lei.

3. Os serviços do Templo realizavam-se sob a direção exclusiva dos sacerdotes. Estes eram universalmente considerados em Israel como ordem distinta, servindo sob indicação divina na solene atribuição de oferecer sacrifícios a Jeová. Os limites da ordem eram determinados pela linhagem, cabendo somente aos filhos de Arão o direito de exercer o sacerdócio. As genealogias sacerdotais eram guardadas com extremo cuidado, tendo-se tornado, aparentemente, no tempo de Cristo, assunto de domínio público. A ordem de linhagem do sacerdote era considerada de tal modo sagrada que se lhe impunham regulamentos rigorosos quanto ao casamento e, individualmente, a pessoa do sacerdote era tão sagrada que se lhe aplicavam leis especiais de purificação pessoal. Sua posse no cargo era realizada através duma cerimônia especial de consagração. Eram divididos em vinte e quatro grupos ou “cursos”, servindo em rodízios, sendo o sacerdote escolhido individualmente, para uma função particular, por sorte.

4. Como classe subordinada de oficiais do Templo, temos os levitas. Erro muito comum entre estudantes neófitos é o de supor que sacerdotes e levitas eram uma e a mesma classe: o “sacerdote” designando o cargo, e “levita”, a tribo. Entretanto, só os pertencentes à linhagem de Arão, ou “filhos de Zadoque”, como eram algumas vezes chamados, tinham a permissão de oficiar realmente nos sacrifícios do Templo. Os levitas operavam como auxiliares dos sacerdotes, elaborando os preparativos essenciais do sacrifício, cuidando do material exigido no Templo, etc. Teoricamente, só os descendentes de Levi podiam preencher semelhante cargo, mas é possível que membros de outras tribos também tenham sido admitidos em tempos mais remotos para os deveres de menos importância do Templo, passando então seus descendentes a ser eventualmente contados entre os levitas.

5. O sustento do Templo era provido por um exagerado sistema de contribuições e impostos. O dízimo representava a fonte principal, sendo pago aos levitas, os quais, por sua vez, pagavam o dízimo dos dízimos aos sacerdotes. Em seguida vinha o resgate do primogênito do homem, o dos rebanhos e manadas, as primícias dos campos e vinhas, as ofertas voluntárias, o imposto do Templo e várias outras fontes de renda. O Templo do tempo de Jesus era uma instituição muitíssimo rica.

Fonte: O Mundo do Novo Testamento - H. E. Dana.

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