Calvino
pregou em um estilo que era fácil para as pessoas seguirem, usando frases
curtas e claras. Isso era aparentemente tão notável na época que ele é
considerado o inventor da estrutura da frase francesa moderna. Sem usar
qualquer truque, ele atraiu mais multidões do que seus colegas. Ele
simplesmente pregou através dos livros da Bíblia do começo ao fim, passagem por
passagem, seguindo de perto o texto, explicando importantes conceitos hebraicos
e gregos, e fazendo aplicações curtas. Isso também significava que era preciso
procurar a passagem apropriada da Escritura se alguém quisesse conhecer a visão
de Calvino sobre qualquer tópico; ninguém o pegaria expondo o que não surgia do
texto. A força de Calvino residia na maneira como ele aplicava o texto à
situação de seus ouvintes. Seus sermões construíram pontes entre o passado e o
presente. Calvino podia fazer isso muito bem como um orador treinado, mas ainda
mais como um teólogo: ele viu que ao longo dos séculos havia simplesmente uma
história, uma igreja, um povo escolhido e sobretudo um Deus que permaneceu e
permanece o mesmo, e cuja natureza e plano não mudaram. Isto, por definição,
era precisamente como a Palavra das Escrituras permaneceu relevante. Calvino
pregou em St. Pierre aos domingos,
geralmente em outros lugares da cidade durante a semana. Seus sermões duravam
pelo menos uma hora, e o tempo era medido usando uma ampulheta. Assim, as
frases curtas não significavam sermões curtos, e a brevidade, muitas vezes elogiadas por Calvino, não tinham nada a
ver com a extensão de seus sermões ou escritos, mas com sua capacidade de
explicar claramente usando apenas algumas palavras.
Calvino,
no entanto, reclamou que as pessoas nem sempre prestavam atenção. Ele observou,
por exemplo, que "quando
administramos o batismo há pessoas que andam um pouco e outras que falam de
negócios". Pior ainda, alguns realmente não respeitavam o sacramento,
esperando na porta para o sermão ou o batismo ser concluído, uma vez que eles
estavam realmente lá apenas para reconhecer o filho batizado. Para Calvino,
tais pessoas eram como "porcos que
espiam suas cabeças ao virar da esquina e depois se virem sem entrarem ... O
batismo e o sermão não lhes interessavam de modo algum".
Falando
de suínos, deve-se notar que Calvino frequentemente comparou pessoas com
animais ou deu-lhes nomes de animais, mas isso não era destinado a ser ofensivo
sempre. Calvino viu a capacidade humana de distinguir entre o bem e o mal como
uma diferença crucial entre as pessoas e os animais. Ele viu, no entanto, que
muitas pessoas desconsideraram o bem e envolveram-se em todos os tipos de
iniquidades, e estes ele simplesmente chamou animais. "Que todos estejam de guarda e não sejam
conduzidos como um animal estúpido, como se não soubessem distinguir o caminho
mais seguro a tomar". O crente ideal de Calvino poderia usar a Bíblia
para tomar decisões de forma independente, ver e fazer o que era bom, e
abandonar o que era mau. Assim, ele enfatizou o conhecimento - não um
conhecimento meramente intelectual ou racional, mas um conhecimento existencial
que permitia servir a Deus e ao próximo, viver e morrer bem.
*Tradução livre by Mazinho Rodrigues.
Fonte:
John Calvin: A pilgrim's life - Herman J. Selderhuis.
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