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PRIMEIRA PEDRO: CONFORTO NO SOFRIMENTO.



Pedro, em sua primeira carta escreveu para os “eleitos, que são forasteiros da Dispersão” (1:1; judeus espalhados nas terras além das fronteiras da Palestina). Isto seria para designar um público judeu, mas muitas referências não podem se referir aos judeus. Por exemplo, 2:9, 10 fala que os leitores “não eram povo”; os judeus eram o povo da aliança. Além disso, o comportamento gentio parece claro na lista dos vícios em 4:3, 4. Também, “vã maneira de viver” (1:18) e “viviam na ignorância” (1:14) parecem se aplicar mais a gentios do que a um público judeu. Provavelmente estas congregações tinham características mistas. Embora um núcleo tenha sido considerado judeu, havia muitos gentios entre eles. Além disso, alguns dos judeus provavelmente estavam ligados somente de maneira superficial ao judaísmo.

Alocação geográfica para estes fiéis era a Ásia Menor (atual Turquia, 1:1). Onde Pedro estava quando escreveu (provavelmente em 65 d.C.) também é um caso para certa discussão; 5:13 dá a Babilônia como locação. Havia uma Babilônia no Egito, a famosa Babilônia no Eufrates; e o nome foi usado figurativamente para a cidade de Roma. Babilônia no Egito era um lugar insignificante e não há nenhuma tradição que diga que Pedro ao menos esteve lá. A Babilônia no Eufrates estava em profundo declínio no meio do primeiro século depois de Cristo, e não há nenhum relato de alguma igreja da época que comprove que Pedro esteve lá. A tradição indica que Pedro morreu em Roma e as Escrituras dizem que João Marcos estava em Roma durante a prisão de Paulo (Colossenses 4:10) e então ele podia facilmente estar ligado com Pedro (1 Pedro 5:13). Além disso, é argumentado que a ordem das províncias no endereço (1:1) indica que o autor da epístola veio do Oeste e então foi primeiro para Ponto. Babilônia é usada figurativa ou simbolicamente para Roma em Apocalipse 17, e os pais da igreja acreditavam que a “Babilônia” em 1 Pedro se referia a Roma.

A autoria de Pedro para esta epístola já foi assumida. O autor se descreve como “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo” (1:1) e “presbítero e testemunha dos sofrimentos de Cristo” (5:1). Frases em 1 Pedro são similares à fraseologia dos sermões de Pedro em Atos. Referências aos ditos de Jesus nos evangelhos vêm de incidentes aos quais Pedro participou, e as referências ao Pastor e cuidado do rebanho nos lembram da conversa pós-ressurreição de Jesus com Pedro (João 21:15-18). Há evidências na igreja primitiva e também há um entendimento geral hoje que Pedro escreveu a primeira epístola que leva seu nome. O “estenógrafo” de Pedro como ele escreveu nesta epístola foi Silvano (5:12), que é às vezes considerado responsável pelo grego desta epístola como comparada com aquela de 2 Pedro. Silvano é aparentemente uma outra forma (talvez em latim) do nome “Silas”, provavelmente o Silas que viajou com Paulo em sua segunda viagem missionária (veja 1 Tessalonicenses 1:1; 2 Tessalonicenses 1:1; 2 Coríntios 1:19; Atos 15:40-18:5).

O propósito da carta era confortar os cristãos que estavam passando por provações e perseguições (o sofrimento é mencionado muitas vezes nesta carta). Embora alguns pensem que essas perseguições se originaram com o Estado, a própria epístola parece indicar que vizinhos não convertidos desses destinatários as iniciaram. Neste aspecto, nota-se especialmente o capítulo 4. Por exemplo, 4:4 diz que os vizinhos desses fiéis falavam mal deles para recusar a participar em pecados sociais predominantes. Em nenhum lugar da carta, há evidência de martírio ou prisão, a qual era geralmente ligada a um estado de perseguição.

A mensagem de 1 Pedro pode ser esboçada desta forma:
1. A salvação em Cristo e a esperança de eterna comunhão com Ele como um encorajador no meio do sofrimento, 1:1-12.
2. O imperativo da vida santa é que devemos sofrer inocentemente; veja por que as provações da vida não são fruto da sua própria loucura, 1:13-3:17.
3. O sofrimento de Cristo e o privilégio dos cristãos em partilhar dos Seus sofrimentos, 3:18-4:19.
4. A glória de seguir os sofrimentos, 5:1-4
5. Sofrimento comum a todos os fiéis durante a estada terrena, 5:5-14.
À medida que os fiéis encaram o sofrimento, eles têm que tolerar pacientemente, pelo bem de Cristo, como Ele sofreu por nós (2:20-24); para reconhecer que isso tem um efeito de maturidade espiritual (5:10); e para vê-lo à luz da Segunda Vinda (1:7; 4:13).

Fonte: Série Concisa - Introdução Bíblica - Howard F. Vos.

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