Gostaríamos
de discutir algumas doutrinas dos salmos que de uma forma ou de outra se
tornaram problemáticas, já desde os primeiros tempos, ou ainda por causa de
desenvolvimentos teológicos mais recentes.
A) OUTROS DEUSES.
Há,
em primeiro lugar, a questão: os salmos reconhecem a existência de outros
deuses? Este problema é levantado pela forma da afirmação usada nos salmos, ex.
77:13: "Que Deus é grande como o
nosso Deus?" Ou 86: 8: "Não
há ninguém como Tu entre os deuses, ó Senhor." Em face disto, as
declarações poderiam ser interpretadas de duas maneira. Eles poderiam
significar: Não há nenhum como o Senhor entre aqueles comumente designados como
deuses; ou eles poderiam realmente dar expressão à visão de que os outros
deuses tinham existência, mas eram muito inferiores ao Senhor em poder e
influência. Na crença popular de Israel, esta última visão provavelmente era a
mais aceita. Mas a nossa preocupação é com a religião revelada e sustentada
pelos verdadeiros profetas e o corpo de fiéis em Israel. Que a visão popular
que "deuses" significava as entidades que no pensamento pagão tinha
existência real enquanto na realidade não existiam realmente aparece mais
claramente de uma passagem como Sl 96: 4-5. onde a forma familiar de declaração
aparece em primeiro lugar: "Ele [o
Senhor] deve ser temido acima de todos os deuses", a linha seguinte
afirma com a maior clareza o que os fatos reais do caso são: “os deuses dos povos são ídolos",
um termo usado que envolve a raiz "sem
valor".
B) CULTO SACRIFICIAL.
Os
salmistas aceitam e aprovam? Ou são inimigos da adoração sacrificial? Uma serie
de passagens pode ser reunida em apoio de ambos os lados da questão. O fato de
que os sacrifícios podem às vezes ser muito apropriados e agradáveis a
Deus aparece em declarações
como Sl 4: 5; 20: 3; 50: 8; 51:19. Novamente há palavras que parecem apoiar a opinião
contrária, como, Sl 40: 6; 50:13; 51: 16; 69: 30. Este é, obviamente, um dos
casos em que há dois lados de uma questão. O que faz a diferença é o espírito e
a atitude do homem que oferece o sacrifício. Se a atitude apropriada do coração
está em evidência - verdadeira humildade e reverência por Deus, verdadeira
devoção, total sinceridade - e onde o sacrifício expressa então o que o coração
realmente sente, aí os sacrifícios podem ser trazidos por um homem, e eles
serão inteiramente aceitável ao Senhor. São símbolos visíveis de coisas mais
profundas. Mas onde o sacrifício é dado em um espírito superficial, onde é
oferecido na tentativa de pacificar Deus por atos externos que são desprovidos
do espírito de verdadeira penitência e devoção, tal sacrifício pode tornar-se
uma abominação ao Senhor e ser classificado como "sacrifício dos tolos", Ec. 5: 1. Os profetas e os
escritores dos salmos não condenam os sacrifícios diretamente. Eles não
atribuem verdadeira validade a todos os sacrifícios que são oferecidos. Eles
sabem que neste campo as atitudes corretas e erradas estão em evidência desde
os dias de Caim e Abel. Talvez nenhuma declaração esteja mais próxima do cerne
do assunto do que a declaração de Davi: "O
sacrifício aceitável a Deus é um espírito quebrantado, um coração quebrantado e
contrito, ó Deus, Tu não desprezarás", Sl 51:17.
*Tradução livre by Mazinho Rodrigues.
Fonte: Exposition
of the Psalms - Herbert Carl Leupold.
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