Gostaríamos
de discutir algumas doutrinas dos salmos que de uma forma ou de outra se
tornaram problemáticas, já desde os primeiros tempos, ou ainda por causa de
desenvolvimentos teológicos mais recentes.
G) RECOMPENSAS E PUNIÇÕES.
Sobre
este assunto há um pouco de confusão na atualidade. Tudo parece ser a
consequência indireta do fato de que os intérpretes começaram a entender um
pouco mais claramente o objetivo do livro de Jó. O livro de Jó é, entre outras
coisas, também é um protesto contra uma doutrina estreita de retribuição, como
às vezes aparece em sua forma aplicada. A opinião contra a qual se defende é a
de afirmar que o bem que é feito por um homem conduz invariavelmente a
recompensas e sinais óbvios do divino prazer; por outro lado, o pecado que é
feito traz sobre a cabeça do pecador a retribuição divina. O resultado
particularmente perverso é a conclusão que pode, na vida cotidiana, ser tirada
dessa visão. Um homem pode concluir que, porque um prospera, ele deve ter feito
o que é certo; novamente, por causa do que ele sofre, ele deve ser julgado como
tendo feito algo perverso, não importa quão justa possa parecer sua vida. Esta
última conclusão pode ser particularmente errada. Assim vem a conclusão errônea
extraída de tudo o que precede; mesmo o princípio anteriormente mantido por
muitos que Deus recompensa os que fazem a sua vontade e pune todos os que não o
fazem deve ser considerado errado, se não mesmo vicioso. Há evidências
abundantes de que, por tudo isso, Deus ainda faz, em grande medida, o mesmo com
Seus filhos: como regra geral, Ele recompensa o bem feito e castiga o mal.
Nosso erro é fazer absoluta esta
observação geral. Mas não somos nós que determinamos como Deus, em instâncias
individuais, aplica o princípio como tal. Portanto, duas verdades devem ser
obtidas aqui: a) a validade geral da
regra como tal; B) a aplicação do
princípio a instâncias específicas, que é, no entanto, a prerrogativa de Deus
por si só e será exercida por Ele às vezes de maneiras que não somos capazes de
compreender plenamente. Sl 16: 9-11 é uma bela afirmação da aplicação deste
princípio, como vemos frequentemente aplicada no curso da vida dos homens
piedosos. Sl 17 indica que um homem pode justamente antecipar que esta regra
será seguida por Deus, especialmente v. 15. Sl 39: 6 mostra que um homem pode
justamente esperar que Deus trate graciosamente com aquele que colocou sua
confiança Nele. O pensamento das recompensas que foram ganhas e merecidas é,
entretanto, não só encontrado em uma passagem como esta. Sl 49 considera um
ângulo do caso e o desenvolve por extenso. Mostra que a aparente prosperidade
dos ímpios não deve ser considerada como final, pois a decisão está na mão de Deus,
e é bem conhecido com qual regra ele trabalha. Sl 73 trata bastante de um aspecto
do caso que particularmente perturbou o salmista em algum momento de sua vida -
"a prosperidade dos ímpios"
(v.3). Os vv. 23-28 são uma descrição brilhante das recompensas finais que um
homem justo pode antecipar com confiança. Sl 112 é uma declaração do caso que está
totalmente no lado positivo. É verdade que um justo pode olhar para a
recompensa e não para o Senhor, e assim todo o princípio envolvido pode ser
corrompido. Mas uma verdade importante é expressa por este salmo também, um que
o próprio Jesus ressaltou de várias maneiras no curso de seu ensino (veja
Mateus 19:29).
*Tradução livre by Mazinho Rodrigues.
Fonte: Exposition
of the Psalms - Herbert Carl Leupold.
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