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AS DOUTRINAS DOS SALMOS, parte 4 de 6.

Gostaríamos de discutir algumas doutrinas dos salmos que de uma forma ou de outra se tornaram problemáticas, já desde os primeiros tempos, ou ainda por causa de desenvolvimentos teológicos mais recentes.

G) RECOMPENSAS E PUNIÇÕES.

Sobre este assunto há um pouco de confusão na atualidade. Tudo parece ser a consequência indireta do fato de que os intérpretes começaram a entender um pouco mais claramente o objetivo do livro de Jó. O livro de Jó é, entre outras coisas, também é um protesto contra uma doutrina estreita de retribuição, como às vezes aparece em sua forma aplicada. A opinião contra a qual se defende é a de afirmar que o bem que é feito por um homem conduz invariavelmente a recompensas e sinais óbvios do divino prazer; por outro lado, o pecado que é feito traz sobre a cabeça do pecador a retribuição divina. O resultado particularmente perverso é a conclusão que pode, na vida cotidiana, ser tirada dessa visão. Um homem pode concluir que, porque um prospera, ele deve ter feito o que é certo; novamente, por causa do que ele sofre, ele deve ser julgado como tendo feito algo perverso, não importa quão justa possa parecer sua vida. Esta última conclusão pode ser particularmente errada. Assim vem a conclusão errônea extraída de tudo o que precede; mesmo o princípio anteriormente mantido por muitos que Deus recompensa os que fazem a sua vontade e pune todos os que não o fazem deve ser considerado errado, se não mesmo vicioso. Há evidências abundantes de que, por tudo isso, Deus ainda faz, em grande medida, o mesmo com Seus filhos: como regra geral, Ele recompensa o bem feito e castiga o mal. Nosso erro é fazer absoluta esta observação geral. Mas não somos nós que determinamos como Deus, em instâncias individuais, aplica o princípio como tal. Portanto, duas verdades devem ser obtidas aqui: a) a validade geral da regra como tal; B) a aplicação do princípio a instâncias específicas, que é, no entanto, a prerrogativa de Deus por si só e será exercida por Ele às vezes de maneiras que não somos capazes de compreender plenamente. Sl 16: 9-11 é uma bela afirmação da aplicação deste princípio, como vemos frequentemente aplicada no curso da vida dos homens piedosos. Sl 17 indica que um homem pode justamente antecipar que esta regra será seguida por Deus, especialmente v. 15. Sl 39: 6 mostra que um homem pode justamente esperar que Deus trate graciosamente com aquele que colocou sua confiança Nele. O pensamento das recompensas que foram ganhas e merecidas é, entretanto, não só encontrado em uma passagem como esta. Sl 49 considera um ângulo do caso e o desenvolve por extenso. Mostra que a aparente prosperidade dos ímpios não deve ser considerada como final, pois a decisão está na mão de Deus, e é bem conhecido com qual regra ele trabalha. Sl 73 trata bastante de um aspecto do caso que particularmente perturbou o salmista em algum momento de sua vida - "a prosperidade dos ímpios" (v.3). Os vv. 23-28 são uma descrição brilhante das recompensas finais que um homem justo pode antecipar com confiança. Sl 112 é uma declaração do caso que está totalmente no lado positivo. É verdade que um justo pode olhar para a recompensa e não para o Senhor, e assim todo o princípio envolvido pode ser corrompido. Mas uma verdade importante é expressa por este salmo também, um que o próprio Jesus ressaltou de várias maneiras no curso de seu ensino (veja Mateus 19:29).

*Tradução livre by Mazinho Rodrigues.
Fonte: Exposition of the Psalms - Herbert Carl Leupold.

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