Gostaríamos
de discutir algumas doutrinas dos salmos que de uma forma ou de outra se
tornaram problemáticas, já desde os primeiros tempos, ou ainda por causa de
desenvolvimentos teológicos mais recentes.
A VIDA APÓS A MORTE.
O
que os salmos têm a oferecer sobre este ponto pode revelar-se difícil e
decepcionante para o leitor médio quando ele começa a refletir sobre o assunto.
A dificuldade é que, de um ponto de vista, as passagens envolvidas parecem
indicar que não há esperança após a morte: não há vida futura. Isso naturalmente é decepcionante porque geralmente nos aproximamos do Saltério com a
expectativa de que ele é rico em conforto para cada situação, incluindo o
conforto da vida após a morte. Aliás, o material envolvido é bastante escasso.
Mas passagens como Sl 6: 5 perturbam os homens - "Na morte não há lembrança de Ti, no Seol quem pode te dar
louvor?" Isso parece anular a esperança da vida após a morte. Do mesmo
tipo são passagens como Sl 88:10; 30: 9; 115: 17. Vários pensamentos devem ser
observados ao lidar com esta questão. Em
primeiro lugar, deve-se admitir que a revelação referente ao futuro não
brilha tanto no Velho Testamento quanto no Novo. Portanto, bem poderia
acontecer que, quando a dúvida e a angústia arrastravam a esperança de um homem
para baixo, ele expressa pensamentos que nem sempre expressam a esperança
normal de Israel. Se essa esperança fosse tão clara quanto a nossa atualmente,
seriam feitas declarações bem diferentes. Aparentemente, na passagem citada
acima, o escritor estava pensando apenas em termos daquele corpo morto que foi
colocado na sepultura diante de seus olhos. Quando estamos assim, não podemos
mais nos lembrar de Deus. Tal pessoa morta não pode cantar os louvores de Deus
na sepultura. Isso não é tanto uma negação da esperança da vida eterna como um
fracasso em ver coisas que não podem ser vistas muito bem mesmo pela fé mais
iluminada daqueles dias. Em outras palavras, a dor, por vezes, momentaneamente
privou os homens da pouca luz que eles tinham sobre este assunto. Mas a proclamação
do triste falecimento nem sempre é a proclamação da fé normal. Mas, felizmente,
há nos salmos palavras melhores do que essas. Às vezes os homens lutavam com
suas dúvidas e sofrimentos e se apegavam à mão do Senhor e passavam por sua
dificuldade com um pronunciamento de fé que, para esse tempo, é francamente
assombroso. Um desses casos está registrado em Sl 16: 9-11. Mantendo-se próximo
do Senhor e percebendo que Deus não o abandonará se ele não abandonar a Deus, o
escritor leva a lógica da fé através de uma conclusão brilhante. Ele antecipa
que Deus não pode abandonar seu corpo (v.9). Ele conclui ainda que é contrário
à natureza de Deus simplesmente entregar Seu filho ao Seol (v.10). Existe um "caminho da vida" que deve ser
a própria antítese do caminho da morte; Há um permanecer na presença de Deus
que envolve "plenitude de alegria"
e "prazeres para sempre". Esta
é a fé do Velho Testamento no futuro, no seu melhor. Similar são as conclusões
triunfantes de Sl 73: 23-26. Se todo o Israel no Velho Testamento sempre viveu
neste alto nível de esperança é outra questão.
*Tradução livre by Mazinho Rodrigues.
Fonte: Exposition of the Psalms - Herbert Carl Leupold.
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