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ESCATOLOGIA - VISÃO GERAL (parte II)


B. Sequência de Eventos.
Segue-se a sequência dos eventos dos últimos dias como assegurada pelos pré-milenistas e pré-tribulacionistas. É importante manter esta sequência em mente para que os muitos fatores envolvidos, e que são apresentados com mais profundidade nos capítulos seguintes, possam ser melhor compreendidos e inter-relacionados à medida em que são apresentados.
1.  O arrebatamento da igreja
A primeira ocorrência na sequência dos eventos dos últimos dias é o arrebatamento da igreja. Nesse dia Cristo voltará para encontrar-se com a igreja, Sua noiva, nos ares (1 Ts 4:17), sem descer até a superfície da terra. Cristãos vivos serão arrebatados para o encontro com Ele e receberão corpos glorificados no mesmo instante (1 Co 15:52-54). Estes corpos glorificados serão como o corpo ressurreto de Cristo (1 Jo 3:2), não mais. limitados pelas leis da natureza como são os nossos corpos presentes (Lc 24:31; Jo 20:19,26; At 1:9). Os mortos em Cristo serão ressuscitados e receberão corpos glorificados para que possam encontrar-se com Cristo nos ares, precedendo os cristãos vivos (1 Ts 4:16,17). Esta ressurreição incluirá somente os santos da igreja, e será uma fase da chamada "primeira ressurreição" (Ap 20:5,6); duas outras fases surgirão mais tarde. Os santos da igreja assim unidos com Cristo estarão com Ele, no céu, durante os sete anos de tribulação na terra.
Durante este período, dois eventos primordiais ocorrerão no céu envolvendo estes santos. O primeiro é o seu julgamento por Cristo, que se chama de "o tribunal de Cristo" (Rm 14:10; 2 Co 5:10). A matéria tratada não será a salvação, porque somente os salvos estarão lá. Serão julgados conforme as suas obras como crentes, "o que tiver feito por meio do corpo" (2 Co 5:10), para distinguir entre as obras boas e aceitáveis e as que são más e reprováveis. Os primeiros receberão galardões, mas os últimos terão um sentimento de perda (1 Co 3:14,15). O segundo evento será o casamento de Cristo e a igreja, que se chama "as bodas do Cordeiro" (Ap 19:9), quando a igreja, já julgada, será unida eternamente a Cristo como Sua noiva.
2. A grande tribulação
O período chamado a grande tribulação (Mt 24:21) começará logo após o arrebatamento, embora possa haver um lapso de tempo para permitir o desenrolar de certos acontecimentos necessários. Estes acontecimentos incluiriam, por exemplo, a restauração da Confederação Romana com o Anticristo como seu líder (2 Ts 2:3). O período durará sete anos, como mostra sua identificação com a septuagésima semana de Daniel (Dn 9:27). Durante este tempo uma série de castigos catastróficos cairá sobre a terra, simbolizados pela abertura de sete selos (Ap 6:1-17), pelo toque de trombetas (Ap 8:1-9;11:15-19), e o derramamento de "taças da cólera de Deus" (Ap 16:1-21).
Estas punições, que trarão destruição enorme, serão destinadas principalmente para o mundo gentio como retribuição por sua rejeição contínua a Deus e à Sua vontade durante todas as épocas. Os judeus de Israel provavelmente serão poupados em grande parte destas punições (Is 26:20,21), mas experimentarão opressões severas nas mãos do Anticristo durante a segunda metade do período, opressão chamada "o tempo de angústia para Jacó" (Jr 30:7). O Anticristo fará um pacto com eles (Dn 9:27) no começo dos sete anos, prometendo um período de descanso e paz. Contudo, no meio do período quebrará o pacto, proibindo os sacrifícios e ofertas no Templo (restaurado neste tempo). Então se tornará tamanho inimigo quanto antes era seu amigo. Conquistará toda a sua terra, incluindo a cidade de Jerusalém (Zc 14:2), podendo até fixar residência lá (Dn 11:45). Os horrores praticados resultarão na exterminação de dois terços da população judaica (Zc 13:8,9). Estas aflições serão permitidas por Deus como meio de purificar os judeus, "como se purifica a prata, e...como se prova o ouro" (Zc 13:9), para que estejam preparados para receber Cristo como seu Messias e Rei quando Ele vier libertá-los do Anticristo (Zc 14:3,4; Ap 19:11-21).
3. A revelação de Cristo
Esta libertação realizada por Cristo ocorrerá depois que o Anticristo tiver vencido completamente o Israel. O exército do Anticristo estará no "vale de Josafá" (Jl 3:12) provavelmente descansando após a batalha. Este vale mais se identifica com o Vale Cidrom, à base do Monte das Oliveiras, separando a montanha de Jerusalém. Perante este exército todo, Cristo voltará com uma demonstração de poder (2 Ts 1:7,8; Ap 19:14,15), ao Monte das Oliveiras, que será partido pelo meio (Zc 14:4). Seu primeiro ato será jogar ambos, Anticristo e seu assessor principal, O Falso Profeta, (Ap 13:11-18) no lago do fogo (Ap 19:20). Então exterminará todo o exército deles no vale (Ap 19:21). Os judeus de Jerusalém serão testemunhas oculares desta destruição, e isto os incentivará a aceitar unânimes Cristo como seu Redentor e Rei. Neste ponto da sequência, vários eventos proféticos se cumprirão, necessitando assim de atenção especial:
a. Julgamento dos gentios. Um destes acontecimentos é o julgamento, por Cristo, dos gentios, feito aqui na terra (Mt 25:31-46). O julgamento será por indivíduo, e a base será a atitude de cada um com relação aos judeus, os "irmãos" de Cristo (Mt 25:40). Os que foram amistosos com eles serão chamados ovelhas e serão colocados à destra de Cristo, e os que foram hostis serão chamados cabritos e serão postos à esquerda de Cristo (Mt 25:32,33). Porque os denominados cabritos serão condenados a castigo eterno (Mt 25:46), esta atitude manifestada para com os judeus deve ser considerada como evidência de uma atitude íntima para com Cristo. Quer dizer, os amistosos assim demonstram fé pessoal em Cristo, os hostis mostram a sua falta de fé. Chega-se a esta conclusão porque o restante das Escrituras declara claramente que a atitude pessoal do indivíduo para com Cristo é a base final em relação ao estado final de cada um. Também se evidencia pelo reconhecimento do tipo de pessoas que demonstrarem amor aos judeus. Deve se lembrar que os judeus serão o povo oprimido da época, perseguido pelo Anticristo. Somente gentios com uma fé verdadeira em Cristo demonstrarão bastante convicção e coragem para serem amigos dos judeus. Aqueles denominados ovelhas terão o privilégio de entrarem no milênio, que significa que um propósito principal deste julgamento será a escolha daqueles que receberão esta bênção.
b. Ressurreição dos santos do Antigo Testamento e da tribulação. O segundo evento desta época é outra ressurreição de santos. Esta ocasião ainda se chama a "primeira ressurreição" (Ap 20:4-6), porque trata de santos e não descrentes. A segunda ressurreição, correspondendo à "segunda morte" de Apocalipse 20:6,14, que trata de descrentes, não ocorrerá até o final do milênio. Os ressurretos nesta segunda fase da primeira ressurreição serão os santos da tribulação, aqueles que morreram após terem sido salvos durante a tribulação (Ap 6:9), e também os santos do Antigo Testamento, e que evidentemente não serão ressuscitados com os santos da igreja no arrebatamento. Daniel, um santo do Antigo Testamento, ouviu a promessa que receberia a sua "herança...ao fim dos dias" (Dn 12:13; cf. 12:2). Quer dizer que ressuscitará dos mortos para receber a sua posição no fim dos dias dis-cutidos no contexto imediatamente anterior, isto é, os dias da tribulação. Ambos os grupos receberão corpos glori-ficados na época e se reunirão com os santos da igreja para auxiliar Cristo no Seu reinado sobrei) mundo (Ap 20:4).
c. Prisão de Satanás. Satanás estará muito ativo durante o período da tribulação, trabalhando diretamente através do Anticristo (2 Ts 2:9; Ap 13:2), que também se chama "o homem da iniqüidade" (2 Ts 2:3). Entretanto, ele será acorrentado e impedido de exercer qualquer influência durante o milênio (Ap 20:1-3). Será lançado numa prisão, chamada "o abismo", de onde não terá acesso às mentes dos homens. Com o seu trabalho parado durante este período de mil anos, e com Cristo como Rei justo de toda a terra, "a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar" (Is 11:9).
d. O reino estabelecido. O reino milenar será estabelecido nesta época. Vários assuntos serão tratados antes da inauguração. Por exemplo, as fronteiras da nação de Israel, "desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates" (Gn 15:18), terão que ser definidas. Não será difícil na hora, porque todas as forças de oposição serão derrotadas, e Cristo terá autoridade completa sobre o mundo. Além disto, Cristo nomeará santos glorificados para ocupar suas respectivas posições de comando.
4. O milênio
Com todos estes assuntos efetuados, será iniciado o período glorioso do milênio. Nessa época histórica a vontade de Deus será verdadeiramente cumprida no mundo. Como resultado, Israel especificamente e o mundo gentio em geral gozarão o modo de vida abençoado que poderiam ter usufruído no passado, se tivessem se comportado em obediência à vontade de Deus. Durante este reinado de mil anos, Cristo reinará como Rei soberano, e sob Ele haverá três grupos de pessoas como súditos. Em primeiro lugar virá a multidão de santos glorificados, aqueles que retornaram com Cristo como Sua igreja e aqueles que foram ressurretos da morte como santos da tribulação ou do Antigo Testamento. Estas pessoas, reinando com Cristo com corpos glorificados, não serão limitados por qualquer restrição normal da terra, assim como Cristo não o era depois de receber o Seu corpo glorificado (Jo 20:19,26; At 1:9). Em segundo lugar terá a nação de Israel, composta dos judeus que aceitaram Cristo como seu Messias-Rei. Serão incluídos aqueles que confiaram nEle durante a tribulação e os que chegaram a crer nEle devido a Sua libertação final. Em terceiro lugar virá o povo gentílico do mundo todo, que foi julgado digno de entrar no milênio por Cristo no tribunal dos gentios. Os dois últimos grupos serão constituídos de pessoas normais que não morreram, nem receberam corpos glorificados. Continuarão suas vidas como em qualquer outra época na história, exceto pela presença de justiça em vez de pecado. Casarão, terão filhos, empregos, e morrerão à medida que geração segue geração, durante os mil anos. No começo serão relativamente poucos, mas com o passar das gerações, com vidas longas (veja Is 65:20) e, provavelmente, famílias grandes, seu número aumentará rapidamente. Sob condições tão favoráveis, a população, no fim do milênio, poderá se igualar ou até mesmo ultrapassar o número presente. O grande número de crianças nascidas será conduzido a crer em Cristo, porque a influência do bem será tão forte quanto a do mal é hoje em dia. Entretanto, parece que alguns serão rebeldes, provocando assim o uso da "vara" disciplinar de Cristo (Sl 2:9; Is 11:4). Será nesses, aparentemente, que Satanás encontrará recrutas suficientes no fim do milênio para fazer um último mas inútil esforço para controlar o mundo (Ap 20:7-9). O povo da terra gozará bênçãos constantes durante o período, e a nação de Israel será o líder mundial (Dt 28:1-14).
5. O tribunal do grande trono branco
A segunda ressurreição ocorrerá após o milênio e incluirá os descrentes de todas as épocas. Serão colocados perante "um grande trono branco" para julgamento. O local deste trono será aparentemente em algum lugar entre o céu e a terra, pois Apocalipse 20:11 diz que "fugiram a terra e o céu" diante do rosto dAquele que sentava no trono. O propósito desta ocasião é o julgamento das más obras dos descrentes e o pronunciamento da sentença de morte eterna sobre eles. Todos serão lançados no lago do fogo, onde haverá separação eterna de Deus e sofrimentos sem fim.
O terceiro aspecto da primeira ressurreição ocorrerá nesta mesma época. Incluirá santos que morreram durante o milênio. As Escrituras não falam desta ressurreição, mas a lógica indica que ocorrerá. Se estes santos vão receber corpos glorificados antes de entrar no estado eterno, a seguir, então têm que ressurgir nesta hora para recebê-los.
Fonte:  Leon J. Wood - A Bíblia e os Eventos Futuros.

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