Ao chamar os discípulos para labutarem em sua escola, Jesus introduziu mais uma imagem para explicar o relacionamento que tinha em mente. Era a imagem do jugo (cangalha). O jugo é colocado ao redor do pescoço dos animais, como bois e cavalos, para empregá-los em vários trabalhos. Trata-se também da figura da vara sob a qual o povo conquistado tinha de passar em sinal de submissão ao conquistador. O "jugo" é uma palavra rica em significados, que incorpora vários elementos importantes.
1. Submissão.Esta idéia flui naturalmente a partir da figura das pessoas passando sob o jugo do conquistador. Entretanto, envolve também o conceito de um animal submetendo-se ao jugo do amo e o aluno submetendo-se ao conhecimento acadêmico do professor. Quando nos aproximamos de Jesus Cristo para a salvação, nós o aceitamos como Senhor; dali para a frente Ele guiará nossa vida, superintenderá nosso trabalho e dirigirá nosso estudo. O grande pregador batista Charles Spurgeon via "tomai meu jugo" como significando: "Se você for salvo por mim, eu serei seu Mestre e você será meu servo; você não pode me aceitar como Salvador, se não me aceitar também como Legislador e Comandante. Se não fizer o que eu requerer de você, não encontrará descanso para sua alma”.
2. Trabalho.O jugo colocado ao redor do pescoço de um animal capacita-o para o trabalho. O jugo de Cristo, colocado nos ombros dos seus seguidores, sem dúvida tem um propósito similar em suas vidas. Significa que estamos atrelados à sua equipe ou alistados ao seu serviço. Somos soldados do seu exército, construtores do seu templo, pregadores do seu evangelho c embaixadores do seu Reino. Isto explica por que Jesus estava tão interessado em ligar a salvação do indivíduo ao que ele faz a seu serviço, como nas histórias das virgens incautas e das sábias, dos homens que receberam talentos e a divisão entre ovelhas e bodes. Estas histórias perturbam algumas pessoas, porque acham que estão dizendo que a salvação depende das obras - quer seja a necessidade das pessoas estarem alertas e vigilantes no retorno de Cristo, seja no uso dos talentos que recebem, seja alimentando os famintos, dando de beber aos sedentos, sendo hospitaleiras, vestindo os desnudos e cuidando dos enfermos, ou visitando os que estão presos - e não somente da fé em Jesus Cristo como Salvador. Todo cristão verdadeiro sabe que a salvação pelas obras é um falso evangelho. Provavelmente tais pessoas chamariam estas parábolas de ensino falso, se não estivessem registradas nas Escrituras como palavras do próprio Cristo. No entanto, é claro que estas histórias não representam um falso evangelho. As parábolas apenas perguntam se uma pessoa pertence ou não a Cristo, o que significa se toma ou não o seu jugo. Se a pessoa tomou o jugo de Cristo, o que faz quando crê (duas coisas que não podem ser separadas), trabalhará para ele. Da mesma forma, se não trabalha para Cristo, mostra claramente que não tomou seu jugo e que, portanto, não creu nele ou não o conheceu como Salvador. Note que não se trata de uma questão de quanto somos capazes de fazer para Cristo. Na história dos talentos, um homem recebeu cinco talentos, outro apenas dois. Ambos eram salvos. A questão é se a pessoa assumiu ou não o jugo. A questão é se trabalhamos ou não para Cristo.
3. Companheirismo.O terceiro elemento na imagem do jugo é o companheirismo, ou outra forma de dizer que existem outros na escola de Cristo. É possível ter um jugo para apenas um animal, como a cangalha para apenas um cavalo. Geralmente, porém, o jugo é preparado para uma parelha de animais, de forma que o peso do trabalho fique equilibrado entre ambos. Fico feliz porque a escola de Cristo é assim. O trabalho com frequência é árduo; as horas são longas. Muitas mãos trabalhando juntas tornam o labor mais leve. Pode haver também este pensamento: quando Jesus disse "tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim", poderia estar dizendo que é seu jugo no sentido de que o jugo pertence ao fazendeiro e que ele precisa colocá-lo sobre nossos ombros. Contudo, pode significar também que o jugo é dele no sentido de que ele o está usando e está chamando para tomar lugar ao seu lado, para a obra que deve ser feita. Em vista do ensino de outros textos bíblicos, creio que esta é a idéia correta. Somos "cooperadores" de Deus (1Co 3.9; 2Co 6.1). Jesus prometeu estar conosco todos os dias "até a consumação dos séculos" (Mt 28.20). Estamos trabalhando com Cristo, e não há nenhum peso para nós que Ele próprio não tenha carregado. Matthew Henry escreveu: "Recebemos o jugo para o trabalho, portanto, temos de ser diligentes; recebemos o jugo para a submissão e. portanto, temos de ser humildes c pacientes. Recebemos o jugo juntos, como conservos; portanto, devemos manter a comunhão dos santos”.
Fonte: James Montgomery Boice - O Discipulado Segundo Jesus.
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