Os quase três anos de Paulo em Éfeso chegaram ao fim com um período de turbulência. “Porque se abriu para mim uma porta ampla e promissora”, ele diz aos coríntios, “e ha muitos adversários” (ICo 16.9; cf. 15.32). Refletindo sobre esta fase difícil de sua obra alguns meses apos ter deixado a cidade, Paulo escreveu ter estado:
[sob] tribulações [...] muito além da nossa capacidade de suportar, a ponto de perdermos a esperança da própria vida. De fato, já tínhamos sobre nos a sentença de morte, para que não confiássemos em nos mesmos, mas em Deus, que ressuscita os mortos (2Co 1.8b, 9).
Apesar de o ponto ser controverso, é possível que essas dificuldades incluíramum período de aprisionamento, em que a igreja de Paulo, de Fílipos, ficou tão preocupada com ele que comissionou um dos irmãos, Epafrodito, como portador de uma oferta monetária a Paulo (4.18) e para permanecer com ele e suprir suas necessidades (2.25).
Provavelmente, no caminho até Paulo, Epafrodito adoeceu, mas foi compelido a completar a missão, “arriscando a vida”, como Paulo afirma, “para suprir a ajuda que vocês não me podiam dar” (2.30). De algum modo, um comentário a respeito da condição de Epafrodito chegou a Filipos, e ele ficou aflito pela preocupação que estava despertando. Ele desejava voltar (2.26), assim, Paulo decidiu manda-lo de volta (2.25), e isso deu ensejo ao envio de uma carta tendo-o por portador. Nossa carta canônica aos filipenses resulta daí.
A preocupação de Paulo com o curso do evangelho entre os filipenses domina a carta. A importância desse tema e evidente a partir de 1.9-11, onde ele segue seu procedimento costumeiro de revelar as preocupações principais da carta no relato de uma oração intercessória:
Esta e a minha oração: que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção, para discernirem o que e melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis ate o dia de Cristo, cheios do fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para gloria e louvor de Deus.
Paulo deseja que os filipenses se concentrem no que importa, e isso, como Paulo diz em 1.12 e 25, e que o evangelho progrida em todas as circunstancias, independentemente de quais sejam. Ao concentrar-se no progresso do evangelho, os filipenses chegarão ao ultimo dia puros, irrepreensíveis e cheios da justiça. O labor de Paulo entre eles não terá sido em vão (2.16), e, no dia de Cristo, eles serão a coroa de sua vitória (4.1).
Três impedimentos ao progresso do evangelho entre os filipenses parecem se sobrepor. Primeiro, os filipenses estão sofrendo dificuldades por causa do evangelho. Eles passam por perseguições politicas e estão angustiados por quem sofre pela mesma razão, particularmente Paulo e Epafrodito. Segundo, a desunião na igreja ameaça emperrar seu próprio testemunho. Terceiro, ainda com o suor no rosto da luta com os gálatas e coríntios por causa de vários desvios do evangelho, Paulo deseja advertir os filipenses sobre os tipos de erros que dificultam o progresso do evangelho nessas outras igrejas.
Paulo lida com esses problemas de formas variadas, mas duas estratégias de admoestação aos filipenses são mantidas em toda a carta. Ele os faz recordar do objetivo escatológico de seu progresso na fé, e lhes oferece exemplos para seguir enquanto transpõem as barreiras que se encontram entre eles e o objetivo final.
Fonte: Teologia do Novo Testamento - Frank Thielman.
Nenhum comentário:
Postar um comentário