Cremos que de nada serve orar pelos mortos. Este costume é seguido pela Igreja Católica, e está ligado, como resultado lógico, com a doutrina do purgatório. A Alta Igreja Anglicana, a meio caminho entre as Igrejas Católica e Protestante mais numerosas, segue, também o mesmo costume. Mas, praticamente, todas as outras Igrejas Evangélicas o rejeitam.
As orações pelos mortos implicamque a sua condição ainda não está definitivamente fixada, podendo ser melhorada a nosso pedido. No entanto, sustentamos que não pode haver nem mudança de carácter nem de destino, depois dada morte; o que somos, na hora da morte, permaneceremos por toda a eternidade. Achamos, neste sentido, grande abundância de ensino nas Escrituras. Este mundo é o único lugar onde existe uma oportunidade para salvação; e, quando este período de prova terminar, permanecem, apenas, ou a recompensa ou o castigo. Por isso, sustentamos que orações, batismos, missas, ou outros ritos, quaisquer que sejam, pelos mortos, são supérfluos, vãos e contra o ensino das Escrituras.
Os mortos justificados, comparecem imediatamente na presença de Cristo, num ambiente perfeito de santidade, beleza e glória, em que são satisfeitas todas as suas necessidades. Não precisam, portanto, que se peça por eles. Não precisam de nada que pudesse ser satisfeito pelas nossas orações. A sua condição é a mais perfeita possível, até chegar o dia em que nós todos receberemos os nossos corpos ressuscitados. Pedir a Deus que mude a condição dos Seus amados que estão na glória, ou sugerir que não está a fazer o bastante por eles, é, para dizer o mínimo, altamente presunçoso, ainda que as intenções sejam boas.
Quanto aos que morreram condenados, a sua condição é, também definitiva e irrevogável. Tiveram a sua oportunidade. Pecaram contra o seu dia da graça. Foi-lhes retirada, por consequência, a influência elevadora e constrangedora do Espírito Santo. É compreensível que amigos e parentes que ficaram neste mundo estejam preocupados a seu respeito. Mas, qualquer resolução acerca do seu estado depois da morte é exclusivamente, prerrogativa de Deus. A santidade e a justiça de Deus são garantias suficientes de que, enquanto que alguns serão recompensados mais do que merecem, ninguém será punido mais do que merece.
É de grande significação o não haver nas Escrituras qualquer exemplo de oração pelos mortos nem qualquer conselho para fazê-las. Podemos concluir, em face dos muitos conselhos para orar por aqueles que estão no mundo, incluindo os nossos inimigos, que o silêncio das Escrituras em relação às orações pelos mortos seria inexplicável, se elas tivessem algum valor.
Fonte: Loraine Boettner - Imortalidade.
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