A
felicidade cristã, ou seja, contentamento, é exatamente o oposto de um espírito
de murmuração. Ela começa no nosso coração. Não é possível firmar um navio no
mar escorando-o de lado; é necessário lastreá-lo interiormente. Da mesma forma
nada que venha de fora do cristão pode mantê-lo feliz; é necessário que haja
graça no íntimo. Mas se os cristãos possuem tal graça interior, há certos
passos práticos que eles podem tomar que os ajudarão a conquistar a verdadeira
felicidade.
Em primeiro lugar,
eles devem tomar o cuidado de não se
envolverem em demasia com os assuntos deste mundo. Claro que eles não podem
viver neste mundo sem estar de alguma forma envolvidos nele, e Deus pode até
levá-los a envolver-se particularmente em alguns aspectos dos negócios deste
mundo. Mas se os cristãos vão experimentar a verdadeira felicidade, devem
manter reduzido ao mínimo seu envolvimento com o mundo.
Em segundo lugar,
eles têm que obedecer à Palavra de Deus
como revelada na Bíblia. Isso não deveria constituir-se em problema. A
Bíblia ensina claramente que Deus opera todas as coisas para o benefício dos
cristãos (Romanos 8:28); portanto, ao servirem a Deus eles estão servindo a um mestre
que sempre tem o melhor para eles em Seu coração. Os cristãos podem com alegria
submeter-se à vontade de Deus quando entenderem isso.
Em terceiro lugar,
como ocorreu com as pessoas mencionadas
no capítulo 11 de Hebreus, eles deveriam viver pela fé, usando sua fé para
entender ou aceitar suas circunstâncias. Eles deveriam exercitar a fé, não
somente nas promessas de Deus, mas no próprio Deus. Ele cuida deles de tal
forma que não precisam estar ansiosos sobre coisa alguma. Até Sócrates, (469-399
a.C), um filósofo pagão, disse: “Já que Deus tem tanto cuidado por vocês, por
que então se preocupam com outras coisas?”. Em períodos de dificuldades, os
crentes deveriam lançar seus fardos sobre Deus e dedicar a Ele seus caminhos.
Crer em Deus trará para eles a paz e a felicidade.
Em quarto lugar, eles deveriam trabalhar com afinco
para serem orientados espiritualmente: “buscai as coisas que são de cima, onde
Cristo vive, assentado à direita de Deus” (Colossenses 3:1).
Se os cristãos passam muito pouco tempo pensando sobre coisas celestiais, e
grande parte do tempo ruminando sobre aquilo que querem, tão-somente se fazem infelizes.
Se as mentes deles estivessem postas nas coisas do alto e eles dedicassem mais
tempo a Deus, não ficariam desanimados quando enfrentam problemas com as coisas terrenas.
Bem relacionado com isso é o quinto
ponto, qual seja, que os cristãos não
deveriam esperar que essa satisfação provenha das coisas terrenas. Paulo
escreveu: “...tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1
Timóteo 6:8). Pessoas que esperam grandes coisas são muitas vezes desapontadas.
Os cristãos deveriam portanto estar contentes com aquilo que têm. Deveriam
seguir o conselho dado a Baruque: “E procuras tu grandezas? Não as procures...”
(Jeremias 45:5). Se eles esperam grandes coisas espirituais, não serão
desapontados.
Em sexto lugar,
eles deveriam estar mortos para o mundo. Paulo
escreveu: “Morro diariamente”. Os cristãos sabem que a única fonte de sua
felicidade encontra-se em coisas espirituais, e há certo tipo de morte para com
as coisas deste mundo que faz com que elas “obscureçam à luz da glória de Deus
e de Sua graça”.
Em sétimo lugar, jamais deveriam ficar obcecados
com seus problemas. Uma criancinha coça o machucado, tornando-o
mais difícil de ser curado. Os cristãos podem ficar assim com seus problemas. Falam
sobre eles constantemente, e permitem que isso destrua seus momentos de oração.
Eles passam a se sentir mais miseráveis, pois seus problemas começam a parecer
maiores do que realmente são. Quanto melhor seria se pensassem sobre a bondade
de Deus até que não houvesse mais tempo para murmurações e infelicidades.
Quando a esposa de Jacó morreu ao dar à luz, ela deu nome a seu filho de
Benoni, que significa “filho de minha tristeza”. Jacó não desejava contudo ser
constantemente lembrado de que seu filho era a causa de tal infortúnio, portanto o chamou de Benjamin,
“filho de minha mão direita”. Esta atitude positiva sempre é útil para que os
cristãos encontrem a real felicidade.
Em oitavo lugar,
então, deveriam fazer esforço
concentrando para raciocinar positivamente sobre o que Deus faz para eles.
Seria ridículo se um amigo constantemente interpretasse mal as atitudes de seu
companheiro e lhe atribuísse todo tipo de motivos desonrosos. Da mesma forma, é
errado para os cristãos interpretarem mal o que Deus faz para eles. Eles
deveriam pensar positivamente sobre o que Ele faz, da seguinte maneira: “Deus
viu o perigo de me tornar dependente demais de certa coisa; então Ele, carinhosamente,
a afastou de mim”, ou “Deus viu que se permitisse que eu fosse rico, cairia em
pecado, portanto Ele, ternamente, me fez mais pobre”, ou “Deus está me preparando
para uma tarefa especial que Ele tem em mente, e fico contente com isso”. “O
amor não tem prazer no mal” (1 Coríntios 13:6). Se você ama alguém,
interpretará suas atitudes de maneira amorosa; e se houver nove más
interpretações de como Deus lida com você, e somente uma boa, fique com a boa e
esqueça as nove más.
Em nono lugar,
eles não deveriam colocar demasiada
confiança nas opiniões dos outros. Por exemplo, os cristãos devem sentir-se
totalmente felizes até que seu contentamento seja tirado por alguém lhes dizer
que está faltando alguma coisa neles. Mas se eles estavam satisfeitos antes de
lhes dizerem tal coisa, por que deveriam permitir que as idéias de incrédulos
sobre felicidade os molestem? A verdadeira felicidade cristã não depende do que
outras pessoas dizem.
Como
os cristãos hão de conseguir a felicidade? Todas essas coisas podem ser resumidas
da seguinte maneira: os cristãos não podem ser dominados pelos confortos deste mundo.
Então eles não serão abalados se estas coisas -propriedade, família, reputação,
etc. - lhes forem tiradas.
Fonte:
Apredendo a Estar Contente - Jeremiah Burroughs.
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