As
afirmações doutrinárias a seguir não são necessariamente adotadas por todos os
segmentos dos carismáticos. Há uma extensão considerável entre os seguidores da
confissão positiva e o movimento Palavra da Fé (evangelho da saúde e
prosperidade) por um lado e os pentecostais clássicos por outro lado.
Batismo
no Espírito Santo. A Comunhão Pentecostal da América do
Norte declara, "Nós cremos que o evangelho pleno inclui santidade de coração e vida, cura para o corpo e o batismo
no Espírito Santo com a evidência de falar em outras línguas conforme o
Espírito concede que falem". Eles citam como base Bíblica para isto Atos
2:1-4 e 11:16. Os pentecostais fazem distinção entre todos serem batizados por um Espírito no corpo de Cristo (1Co.
12:13) e o ser batizado no Espírito
Santo, evidenciado pelo falar em línguas (At. 11:16). Enquanto que os
pentecostais reconhecem que todos os crentes são habitados pelo Espírito Santo,
alguns têm o enchimento ou "preenchimento", "entrega total"
ou "liberação" do Espírito. Outro sinônimo, "efusão",
sugere que o Espírito "reivindique totalmente a pessoa".
O
batismo no Espírito Santo vem subsequente à salvação (At. 2:1; 8:17; 11:17;
19:5-6) como declarado pelas Assembleias de Deus: "Esta experiência
maravilhosa é distinta de e subsequente à experiência do novo nascimento".
O batismo no Espírito não é necessariamente subsequente cronologicamente, mas é
logicamente sequencial. Assim, alguém pode crer em Cristo mas ainda não ter recebido
o dom do Espírito. Alguns carismáticos declaram que todos os cristãos têm
recebido o Espírito Santo na salvação. A respeito da santificação, alguns
pentecostais, a veem como uma segunda obra da graça, subsequente à salvação mas
anterior ao batismo no Espírito. As Assembleias de Deus e os carismáticos
geralmente creem que a santificação não é uma segunda obra da graça.
Pentecostais
e carismáticos também creem que o falar em línguas é uma "evidência
inicial" do batismo no Espírito (At. 2:4; 10:45-46; 19:6; 1Co. 14:18).
Traçando um paralelo com Cristo e os crentes, o propósito do batismo do
Espírito é poder espiritual para testemunhar (Lc. 24:49; At. 1:8) e
"realizar obras poderosas" (Mt. 4:23; 12:28; Jo. 14:12; At. 2:43). As
condições para o batismo no Espírito são fé, oração, obediência e entrega.
Falar
em línguas. O termo glossolalia,
significa "falar em línguas" é um ensino pentecostal e carismático
baseado sobre Atos 2:4,11; 10:45-46; 19:6 e 1 Coríntios 14. As línguas de Atos
e Coríntios, contudo podem ser contrastadas. Em Atos, as línguas eram idiomas
conhecidos, não necessitando interpretação; elas foram imediatamente entendidas
pelas pessoas que falaram aquelas línguas. Em 1 Coríntios elas requerem
interpretação. O luterano carismático Larry Christenson descreve o falar em
línguas como idiomas mas define idiomas
como uma expressão de sentimento ou pensamento; assim falar em línguas não
requere o ser um idioma falado e sim "um enunciado suprarracional"
que expressa o sentimento e pensamento para Deus, que entende estes enunciados.
Os
pentecostais clássicos ensinam que as línguas em Atos é a evidência do batismo
no Espírito enquanto que em 1 Coríntios ele é o dom de línguas. Enquanto alguns pentecostais enfatizam que o falar
em línguas é necessário como uma evidência da recepção do Espírito Santo, os
carismáticos tendem a não enfatizar a importância das línguas. Chuck Smith declara,
"Nós certamente não estamos defendendo que todos falem em línguas".
Revelação
contínua. Os
pentecostais e carismáticos ensinam que o dom de profecia (receber revelações
divinas) continua hoje.“ O livro de David Wilkerson, The Vision [A Visão], é um exemplo. Carismáticos tais como Kenneth
Hagin têm ensinado que a revelação continua. Hagin afirma, "Quando a
palavra de conhecimento começou a operar em minha vida após eu ter sido cheio
com o Espírito Santo, eu pude saber sobre coisas sobre as pessoas, lugares e
coisas de forma sobrenatural. As vezes eu podia saber através de uma visão. As
vezes quando eu estava pregando, poderia aparecer uma nuvem e meus olhos podiam
ser abertos a fim que eu pudesse ter uma visão referente a alguém na
congregação".
Enquanto
reconhece que a revelação especial de Deus foi dada em uma forma final através
do testemunho apostólico, J. Rodman Williams ensina que a revelação especial
continua: "Deus revela a si mesmo para aqueles que estão na comunidade
cristã. Esta revelação é subordinada ou secundária à revelação especial
atestada nas Escrituras". Esta revelação contínua serve para estender a
revelação de Cristo para os crentes (Ef. 1:17) e para edificar a comunidade
cristã (1Co. 14:26).
Dom
de cura. Os pentecostais e os carismáticas geralmente
ensinam que há cura na expiação (Cristo morreu por nossas enfermidades bem como
nossos pecados), e sobre aquela base os cristãos devem exigir saúde. O dom de
cura está baseado sobre a autoridade que Cristo deu aos apóstolos (Mt. 10:7-8;
Mc. 6:7-11; Lc. 9:1-6); assim "cura e libertação dos poderes demoníacos
são partes integrais da evangelização". Ensino e cura são considerados
juntamente na pregação do evangelho (Mt. 14:14; Mc. 6:34; Lc. 9:11). O Novo
Testamento apresenta a cura de várias formas: (1) a cura pode ocorrer através
da pregação da Palavra; (2) aqueles que pregam o evangelho podem ter o dom de
cura para influenciar para a salvação; (3) as curas podem ocorrer através da
oração e o ministério dos anciãos; (4) pessoas seletas podem possuir o dom de
cura dentro e fora da comunidade.
Sinais
e maravilhas. O
movimento de sinais e maravilhas é identificado com John Wimber, o primeiro
pastor da Igreja da Vinha (Vineyard) em Anaheim, Califórnia. O movimento,
também relacionado à Terceira Onda, enfatiza a necessidade dos sinais e
maravilhas acompanhando a pregação do evangelho segundo Mateus 10:7-8.
Cair
no Espírito. Neste fenômeno uma pessoa é "vencida
pelo Espírito" ou "cai sob o poder" do Espírito e desaba. Isto é
considerado uma experiência "profundamente espiritual" na qual uma
pessoa tem uma "perda de sentido ou controle" e pode até não sentir
dor se despencar e os auxiliares falharem em segurar a pessoa. A experiência
geralmente dura por muitos segundos ou minutos. O fenômeno também aparece em
outras religiões. Nas tradições pentecostal e carismática, Maria B. Woodworth-Etter,
Kathryn Kuhlman, Kermeth Hagin Sr., e Charles e Francês Hunter são os mais
associados ao fenômeno. As Escrituras são usadas como apoio (Gn. 15:12-21; 1Sm.
19:20; Mt. 17:1-6; 28:1-4; Jo. 18:1-6; At. 9:4; 26:14). Contudo, "não há
evidência Bíblica para a experiência como normativa na vida Cristã". O
pastor carismático Chuck Smith afirma "Eu nunca tenho descoberto o suposto
valor desta experiência".
Confissão
Positiva. A confissão positiva, "a doutrina de fórmula
de fé" ou a "doutrina da prosperidade" é uma aberração teológica
que recebe algumas das mais duras críticas até de alguns carismáticos.
Refere-se ao "trazer à existência o que nós declaramos com a nossa boca,
daí é uma confissão de fé". Ensinada por Kenneth Copeland, Kenneth E.
Hagin, Charles Capps, Frederick K.C. Price e outros (Nota do Tradutor: no
Brasil seus grandes divulgadores são R.R. Soares e Vanice Milhomens doutrinariamente
falando e a Igreja Universal do Reino de Deus em sua práxis.), esta doutrina
foi popularizada por E.W. Kenyon com a sua origem no Novo Pensamento e com suas
ênfases sobre "saúde ou cura, abundância ou prosperidade, riqueza e
alegria".
Esta
doutrina pode ser traçada até Phineas P. Quimby, que estudou espiritismo,
ocultismo e hipnose e influenciou Mary Baker Eddy, a fundadora da Ciência
Cristã. Os adeptos ensinam que as pessoas tornam-se deuses e portanto têm
autoridade sobre a doença e têm o direito à saúde e prosperidade. Earl Paulk
afirma, "Assim como cachorros têm cachorrinhos e gatos têm gatinhos, assim
Deus tem pequenos deuses... Nós somos pequenos deuses". Kenneth Copeland
comenta, "Você não é um esquizofrênico espiritual - metade Deus e metade
Satanás - você é todo Deus".
Hagin
salienta, "Nós como cristãos não precisamos sofrer reveses financeiros;
nós não precisamos ser cativos da pobreza ou doença! Deus providencia cura e
prosperidade para os Seus filhos... Não ore mais por dinheiro. Você tem
autoridade através de Meu nome para exigir prosperidade". Paul Yonggi Cho
ensina que orar em nome de Jesus trará prosperidade; além disso, desde que os
cristãos são filhos de Abraão, eles deveriam esperar a prosperidade material
assim como Abraão desfrutou da mesma. Chuck Smith, contudo, argumenta contra a
doutrina da confissão positiva, declarando , "Tais ensinos soam mais como
Mary Baker Eddy do que o apóstolo Paulo!... Quando você ouve este ensino você
poderia jurar que os sermões vieram de Ciência e Saúde com a chave para as Escrituras
ao invés da Bíblia".
Unicidade. O
pentecostalismo unicista, também referido como "Somente Jesus" ou
"Apostólico" (Nota do Tradutor: no Brasil o termo apostólico
refere-se a outras vertentes não unicistas como por exemplo a Igreja Renascer
em Cristo e Fonte de Vida, já o maior exemplo de pentecostalismo unicista no
Brasil é a Igreja e conjunto Voz da Verdade.) é ensinado pela Igreja
Pentecostal Unida. O pentecostalismo unicista nega a Triunidade, ensinando que
Deus revela-Se através de Seu nome, Jesus. Há somente um Deus, e seu nome é
Jesus; contudo, Ele Se revela como Pai, Filho e Espírito Santo. Uma declaração
doutrinária unicista afirma: "O ESPÍRITO SANTO não é a terceira pessoa na
deidade e sim uma manifestação do Espírito de Deus e do Cristo ressurreto...
Não há três DEUSES, e sim três manifestações de UM Deus". O pentecostalismo
unicista também ensina que o batismo é essencial para a salvação: "O
BATISMO NAS ÁGUAS é uma parte essencial da salvação no Novo Testamento... Sem
um batismo apropriado é impossível entrar no Reino de Deus". Os unicistas
também ensinam que o batismo no Espírito Santo é evidenciado pelo falar em
línguas.
Fonte: Manual de Teologia Moody - Paul Enns.
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