Como
é Deus? Uma resposta geral provisória é esta: “Deus é um Espírito pessoal
vivo!’ O Deus da Bíblia é enfaticamente um Deus vivo que faz coisas (Sl 97:7;
115:3ss). Ele não é um poder ou energia impessoal, mas um Deus pessoal com
caráter e natureza distintos. Ele é um Espírito que transcende toda a ordem do
mundo, embora essa ordem dependa totalmente dele. A Bíblia apresenta Deus como
três pessoas distintas, comumente referidas como Pai, Filho e Espírito. O termo
técnico para isto, Trindade, não aparece na Bíblia, mas pertence àquela classe
de termos que são bíblicos no sentido de expressar claros ensinamentos
bíblicos.
O Antigo Testamento.
Para
Israel, a unidade fundamental de Deus é um axioma: “Ouve, Israel, o Senhor
nosso Deus é o único Deus” (Dt 6:4). Esta insistência na unidade divina era da
máxima importância devido ao politeísmo idólatra e depravado das nações vizinhas.
O Antigo Testamento, porém contém insinuações de uma “plenitude” na divindade
que prefiguram o ensinamento trinitariano do Novo Testamento. Primeiro, há
ocasiões onde Deus refere-se a si mesmo no plural (Gn 1:26; 3:22; 11:7; Is
6:8); o evangelista João trata a passagem de Isaías como uma visão de Jesus (Jo
12:41). Existem também referências ao Anjo do Senhor que é identificado com
Deus, porém distinto dele (Êx 3:2-6; Jz 13:2-22). O Antigo Testamento também
menciona o Espírito de Deus como agente pessoal de Deus (Gn 1:2; Ne 9:20; SI
137:7; Is 63:10-14), e fala da sabedoria de Deus, particularmente em Provérbios
8, como uma entrada personalizada de Deus no mundo, e da Palavra de Deus como o
pronunciamento criativo de Deus (Sl 33:6, 9; cf. Gn 1:26). Existem também
profecias que identificam com Deus o longamente esperado Messias (Sl 2; Is
9:6ss). Isto naturalmente não abrange toda a doutrina da Trindade, mas ao
apresentar a pluralidade na unidade de Deus, essas passagens do Antigo
Testamento antecipam o ensino mais completo do Novo Testamento.
O Novo Testamento.
O
ensino latente no Antigo Testamento vem à superfície no Novo. Em primeiro
lugar, ao compreender o impacto da vida e caráter de Jesus, suas reivindicações
e milagres, e acima de tudo sua ressurreição e ascensão, os apóstolos viram-se cada
vez mais levados a adorá-lo como Deus. Segundo, a realidade e atividade do
Espírito Santo entre eles era claramente a presença do próprio Deus. Assim
sendo, o molde trinitariano que lhes foi dado por Jesus (Mt 28:19) determinou sua
compreensão. Deus o Senhor era um só, distinguível todavia como três: Deus Pai,
Deus Filho e Deus Espírito. Várias passagens do Novo Testamento pressupõem,
subentendem ou declaram Deus como trino (Mt 3:13-17; 28:19; Jo 14:15-23; At
2:32ss; 2 Co 13:14; Ef 1:1-14; 3:16-19). Cada pessoa da divindade é declarada
como sendo divina:
·
O Pai é Deus: Mt 6:8; 7:21; G1 1:1.
·
O Filho é Deus: Jo 1:1-18; Rm 9:5; Cl 2:9; Tt
2:13; Hb 1:8-10.
·
O Espírito é Deus: Mc 3:29; Jo 15:26; 1 Co
6:19ss; 2 Co 3:17ss.
A
Bíblia apresenta assim esta realidade singular e misteriosa: um Deus, Pai,
Filho e Espírito. Um meio de compreender as distinções entre Pai, Filho e
Espírito é referir-se às diferentes funções de cada um. A forma mais popular atribui
a criação ao Pai, a redenção ao Filho e a santificação ao Espírito. Paulo dá
uma forma modificada em Efésios 1:3-14, onde a eleição é atribuída ao Pai (vv.
4, 5, 11), a redenção ao Filho (3, 7, 8) e o “selo” ao Espírito (13,14). Romanos
11:36 deu lugar a outra noção baseada nas preposições usadas para referir-se à
atividade de Deus com respeito ao universo: “dele (Pai) e por meio dele (Filho)
e para ele (Espírito)”. Essas distinções, entretanto, não devem ocultar a
verdade fundamental da unidade divina, por meio da qual os três são envolvidos na
atividade de qualquer um deles: por exemplo, embora a criação possa ser
particularmente atribuída ao Pai (Gn 1:1; Ap 4:11), ela pode ser igualmente
associada com o Filho (Jo 1:3) e o Espírito (Is 40:13).
Fonte:
Estudando As Doutrinas da Bíblia - Bruce Milne.
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