Estes
problemas complexos podem levar-nos a perguntar se vale a pena levantar estas
questões, especialmente em face da verdadeira charada que defrontamos: “um,
mais um, mais um, igual a um”. De fato, quase tudo o que importa no cristianismo
depende da verdade de Deus ser um em três. Tomemos, por exemplo, a questão de
nosso pecado, que nos separa de Deus e nos torna sujeitos à sua ira. Em última
análise, o pecado relaciona-se com duas partes, o pecador que ofende e Deus que
é ofendido. Se Jesus não é Deus, meu pecado então nada tem realmente a ver com
ele. Certa vez, quando Jesus perdoou os pecados de alguém, foi acusado de
blasfêmia, pois só Deus pode perdoar pecados (Mc 2:5-7). Em certo sentido os
seus críticos estavam absolutamente certos; o erro deles estava em não ver quem
era Jesus. Jesus só pode tratar com nossos pecados se ele for Deus vindo a nós
em pessoa; se ele trata com nossos pecados, deve ser Deus. Deus não é, portanto,
um ser que tenha uma unidade simples e não diferenciada.
O
mesmo acontece com o Espírito Santo. Os cristãos afirmam que o poder
regenerador de Deus entrou em suas vidas; eles agora conhecem a Deus e
experimentam a sua presença, sendo persuadidos da autoridade da sua Palavra,
recebendo forças para viver para ele e dons com que servi-lo. Mas se isto não
representar Deus operando em nós, as reivindicações cristãs sobre a atividade
do Espírito Santo são uma ilusão, desligada da realidade sobrenatural. Só se o
Espírito Santo que age sobre nós for Deus, é que nossa experiência pode
sustentar sua reivindicação de ser realmente redentora. Nesta base, podemos dizer
também que Deus é mais do que uma simples unidade do ser. Dessa forma, todo o
contexto da redenção cristã e sua aplicação à experiência humana depende inteiramente
do fato de Deus ser três em um. A Trindade é realmente importante.
A
Trindade de Deus é igualmente a base da afirmação fundamental de que Deus é
amor. Deus não é um Deus solitário que precisa da criação como objeto para o
seu amor. Como um Deus trino, Deus tem plenitude em si mesmo e não necessita
criar ou remir. A criação e a redenção são atos de plena graça, expressões de
Deus como amor livre e eterno. O fato de existir nesta doutrina dificuldades
que rompem às simples fórmulas elaboradas com a matéria-prima extraída de nossa
experiência é inteiramente previsível em um certo sentido, pois Deus é o Senhor
transcendente de todo ser. De fato, se não encontrássemos profundo mistério na
natureza de Deus, teríamos toda razão para suspeitar das reivindicações
bíblicas. Apesar de toda a sua dificuldade, a Trindade é simplesmente o preço a ser pago por termos um Deus que é
suficientemente grande para exigir nossa adoração e serviço.
Um
último ponto. Refletir sobre Deus em sua Trindade, Pai, Filho, Espírito, em
suas pessoas e funções diferenciáveis, todavia em perfeita união e harmonia, em
amor mútuo e perene, é vislumbrar algo indiscutivelmente glorioso, belo e
atraente, que repetidamente, através dos séculos, levou homens e mulheres ao
auge da adoração, do amor e do louvor.
Santo!
Santo! Santo! Justo e compassivo!
És
Deus triúno, excelso Criador!
Fonte:
Estudando As Doutrinas da Bíblia
- Bruce Milne.
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