Em
cumprimento de suas relações humanas, Jesus era um judeu leal, e
conscientemente observava os costumes religiosos do judaísmo. Em conformação com
esta tão testemunhada conduta de sua vida, sua frequência às festas de
Jerusalém era regular. O Evangelho de João distingue-se por sua atenção a este
aspecto do ministério de nosso Senhor. As principais datas sagradas eram em
número de seis. As três mais relevantes, ou festas mosaicas, eram a Páscoa,
Pentecostes e Tabernáculos. Todos os machos israelitas, depois que chegavam aos
treze anos, eram obrigados a assistir a estas três festas, esperando-se que seus
pais os trouxessem até mesmo dois anos antes desta idade, a fim de que pudessem
familiarizar-se com a rotina das cerimônias. As festas pós-mosaicas eram o
Purim e a Dedicação. O Dia da Expiação era mais um jejum do que uma festa. A
festa do Purim e o Dia da Expiação não são mencionados no Novo Testamento.
1.
Purim. Era a primeira festa do ano de acordo com o nosso calendário. Os judeus
calculavam o tempo pelo mês lunar e contavam o princípio do ano civil a partir
mais ou menos do dia primeiro do nosso mês de outubro, ao passo que o ano
eclesiástico principiava mais ou menos a primeiro de abril. A festa de Purim
era observada aproximadamente a primeiro de março e comemorava a libertação dos
judeus da traição de Hamã tal como se encontra no livro de Ester. Havia
abundante alegria e troca de presentes, sendo estes os característicos da
ocasião festiva. Era observada com espírito festivo como hoje celebramos o
Natal. A nota principal da cerimônia constava da leitura do Livro de Ester.
2.
A Páscoa ocorria no dia 14 do mês de Nisã judaico, ou cerca de nosso primeiro
de abril. Era a mais antiga dentre as festas judaicas e gozava de elevado conceito.
Sua observação destinava-se a comemorar a preservação dos israelitas dos
efeitos da décima praga, bem como seu livramento da servidão, sendo a importância
da festa reconhecida até mesmo pelo governo romano, o qual nesse dia concedia a
libertação de um preso, cuja escolha ficava a critério do povo. Ligada à
Páscoa, e geralmente considerada como continuação da mesma, havia a Festa dos Pães
Asmos, que principiava a 15 de Nisã, dia imediato à Páscoa, e se prolongava por
sete dias. No segundo dia deste festival (16 de Nisã), realizava-se a cerimônia
em que se apresentava perante o Senhor, no Templo, o feixe do cereal
recém-colhido, que era a festa da gratidão pela colheita precoce, assim como a
celebração da libertação do Egito.
3.
O Pentecostes tinha lugar cinquenta dias depois da Páscoa, o que habitualmente
o colocava dentro das duas últimas semanas de maio. Sua celebração referia-se à
colheita do cereal que por este tempo já se achava quase no fim. A cerimônia
especial da mesma consistia na apresentação dos dois “pães”, feitos de farinha
de trigo novo; isto é, o trigo colhido naquela safra. O Pentecostes era considerado
também como celebração da entrega da Lei a Moisés, uma vez que esse importante
acontecimento se verificou aproximadamente na época do ano em que era observado
o Pentecostes. Esta festa foi imortalizada na história cristã pelo advento do
Espírito Santo (Atos 2:1, etc.).
4.
O Dia da Expiação era observado no último dia de setembro. Como acima já
tivemos ocasião de dizer, ele representava mais um jejum do que propriamente
uma festa. Neste dia o sumo sacerdote penetrava no Santo dos Santos para
oferecer o incenso e aspergir o sangue dos sacrifícios, depois do que soltava o
“bode expiatório” para o deserto, que levava a culpa da nação. Em seguida,
queimava-se fora da cidade a carcaça dos animais expiatórios. Para os judeus,
esta era uma ocasião de grande solenidade, dedicando-se o dia inteiro ao jejum
e à oração.
5.
A festa dos Tabernáculos tinha lugar cinco dias depois do Dia da Expiação, nas
vizinhanças geralmente do primeiro dia de outubro. Comemorava a proteção divina
de Israel durante sua vida errante no deserto e era ao mesmo tempo uma ocasião
de ação de graças pelas bênçãos recebidas durante o ano. Durante o decurso
dessa festa, os que dela participavam hospedavam-se em barracas improvisadas,
construídas sobre eirados dos quintais, praças públicas, e mesmo ao longo das
ruas e estradas, embora nunca afastadas de Jerusalém mais que um dia de sábado
de viagem. As duas cerimônias principais constituíam, primeiro, no derramamento
de uma libação de água, trazida por um sacerdote, em um cântaro dourado, do
Poço de Siloé, e, segundo, na “iluminação do Templo”, feita por quatro grandes
lâmpadas colocadas para esse fim no Átrio das Mulheres. Era uma ocasião de
festividades alegres, com ritos bem organizados e ofertas abundantes.
6.
A festa da Dedicação era observada mais ou menos na metade de dezembro, e
comemorava a restauração e a rededicação do Templo, levadas a efeito por Judas
Macabeus. Nela, liam-se publicamente os livros de I e II Macabeus.
Fonte:
O Mundo do Novo Testamento - H. E. Dana.
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