Nos
capítulos restantes deste livro somos apresentados a quatro grandes
personalidades. Aqui podemos ver não só como Deus trata os indivíduos, mas como,
através de suas vidas transformadas, ele leva ajuda a outras pessoas.
Abraão: o homem que Deus chamou
(capítulos 12 a 23)
Para
Adão Deus havia dado uma palavra necessária de precaução (“Não comerás”); para
Abraão (a princípio chamado Abrão), ele deu uma ordem empolgante sobre uma
oportunidade de aventura: “Saia de sua terra” (12.1). Deus iria fazer desse personagem
singular o fundador da mais importante comunidade do mundo, Israel, o povo de
Deus. Adão respondeu em desobediência (Rm 5.12), mas Abraão respondeu em
obediência imediata e fé dependente. Ele se pôs a caminho naquela longa e desconhecida
viagem (12.4, 5) e provou que aqueles que obedecem à voz de Deus gozam de sua
presença (12.7). Não que a história de Abraão seja uma narração completamente incólume
(12.10-20. 20.1-18), mas ele era adorador (12.8), altruísta (13.8-11), corajoso
(14.1-16), confiante em Deus (15.6), compassivo (17.18), hospitaleiro (18.1-5)
e homem de oração (18.16-33). A história de Abraão começa com um chamado à obediência
e termina no mesmo tema, mas com uma ordem ainda mais difícil. No primeiro
capítulo de sua história (12) Deus pede que ele saia de sua parentela (12.1),
mas no teste final é pedido que ele ofereça seu único filho em sacrifício (22).
O pedido que lhe foi feito parecia tão estranho e até impiedoso, sem coração.
Mas Abraão cria em Deus e sabia que, se ele pediu para fazer algo, devia ser
com algum bom propósito. A experiência testou a realidade de sua fé, mostrou
seu amor genuíno para com Deus, e forneceu a todos nós um retrato de uma oferta
ainda maior. Prenunciava o dia em que nosso Pai celeste daria seu único Filho.
O capítulo 23 registra a morte de Sara, e a provisão de um lugar de sepultamento
para sua esposa e família, feita por Abraão.
Isaque: o homem que Deus guiou
(capítulos 24 a 26)
O
filho que foi poupado (22.12, 13) seguiu os passos de seu pai piedoso. Não há
muitos detalhes sobre ele no livro, mas uns poucos capítulos nos contam como
Deus providenciou uma esposa para ele (24.1-67), fê-lo pai em resposta a oração
sincera (25.20, 21), deu-lhe alimento em tempo de fome (26.1-14) e ajudou-o a
fazer provisão para o futuro, induzindo-o a abrir alguns poços desusados e negligenciados
(26.18-22). “Altar”, “acampamento” e “poço”, todos aparecem em um só versículo (26.25)
na história de Isaque. Simbolizam a atitude dele diante da vida. Isaque
acreditou ser importante um homem discernir suas prioridades (o altar), lembrar
sua peregrinação (tendas, Hb 11.8-10), e utilizar seus recursos (os poços).
Jacó: o homem que Deus mudou (capítulos
27 a 36)
A
esposa de Isaque, Rebeca, deu à luz gêmeos (25.21-26). Os meninos eram muito
diferentes na personalidade, pontos de vista e interesses. Esaú vivia para o
dia presente (25.29-34), enquanto Jacó ficava de olho no futuro. Os esquemas
perspicazes de Jacó criaram uma divisão entre os irmãos e a história que resulta
não é um conto feliz (27.1-46). Jacó não era bem um homem agradável para se conhecer,
mas ele ilustra o amor e bondade generosos de Deus, que nos abençoa não porque
o merecemos, mas porque necessitamos. Deus se encontrou com ele (28.11-22) e
lhe providenciou uma esposa (29.1-30) e filhos (30.1-26). Jacó teve várias dificuldades
familiares (31.1-55) e muitas das tragédias que se seguiram foram ocasionadas
por sua própria falta de sabedoria e amor. Mas Deus tirou dele sua autoconfiança,
transformou seu caráter e mudou seu nome (32.24-32). Depois de um encontro
dramático com um mensageiro de Deus, ele tornou-se um homem diferente.
José: o homem que Deus usou (capítulos
37 a 50)
O
filho predileto de Jacó era chamado José. Os demais capítulos de Gênesis contam
a história da vida e trabalho dele. Desprezado pelos irmãos, ele foi vendido a
um grupo de mercadores que passava, para ser novamente vendido como escravo no
Egito (37.1-35). Mais tarde foi empregado num próspero lar egípcio, mas a pureza
de sua mente e a sua correção logo lhe custaram à liberdade. Durante um período
de aprisionamento injusto, ele tornou-se conhecido como intérprete de sonhos.
Todos os povos do Oriente Médio acreditavam que os sonhos tinham importante
significado em suas vidas, e a interpretação do sonho do soberano do Egito
levou-o finalmente a ser nomeado o mais alto oficial (40.1- 41.57). Uma fome calamitosa
fez com que seus irmãos viessem ao Egito à procura de alimento e isso acabou
levando-o ao encontro da família (42.1— 46.34). José pôde cuidar de seu pai e
irmãos durante todo um período difícil (47.1-28). No avançado de seus anos Jacó
abençoou José e seus dois filhos (48.1-22), bem como seus próprios filhos
(49.1-33). Os irmãos de José temeram por suas próprias vidas quando Jacó morreu.
Imaginaram que seu irmão influente os castigaria por sua crueldade para com
ele, há muitos anos antes (50.15). Como o conheciam pouco! Ninguém podia negar
que ele sofrera nas suas mãos. Seu próprio pai reconhecera isso no fim de seus
dias (49.22-24), mas José tinha recursos espirituais sem limite. Como seu avô
Isaque, sabia cavar um poço (49.22). Os poços de Isaque se encontravam
espalhados pela terra, mas José tinha fontes secretas de paz e paciência. Elas
saciaram sua sede em muitos dias difíceis, mesmo quando a vida era como um
campo de batalha (49.23, 24). Rememorando a amargura dos irmãos e as tribulações
que se seguiram, ele fez uma confissão de fé e confiança magnífica. Virando-se
para seus irmãos já arrependidos, ele disse: “Vocês planejaram o mal contra
mim, mas Deus o tornou em bem” (50.20). José sabia que Deus tinha usado essa
tragédia para seus propósitos. No dia em que o jogaram naquele poço seco em
Dotã (37.24), eles deram início a uma série de eventos ordenados por Deus
destinados a tornar seu irmão enjeitado num líder e conselheiro, cuja
habilidade e discernimento trariam esperança a milhares. Deus tem um plano para
nossas vidas.
Fonte: Entendendo
o Antigo Testamento - Raymond Brown.
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